Neste sábado, 19 de fevereiro, completaram-se 20 anos desde o voo inaugural do E170 de matrícula PP-XJE. O protótipo marcava o nascimento da família E-Jet de jatos comerciais e que fizeram a Embraer superar sua rival tradicional, a Bombardier.
Embora a fabricante brasileira já se encontrasse numa fase positiva após quase quebrar no começo dos anos 90, a série E-Jet foi uma jogada de mestre e que colocou pressão na concorrente canadense a ponto de levá-la à lona anos mais tarde.
A família de aeronaves comerciais tinha começado a ser gestada muito antes de 2002. Já em 1997, durante a apresentação do ERJ 135, variante menor do bem sucedido ERJ 145, a Embraer já antecipava o que viria a ser o Embraer ERJ 170, como era chamado então.
Em vez de uma fuselagem com fileiras de três assentos, o novo avião teria quatro poltronas por fileira e um porão de carga inferior com volume significativo.
A Embraer também inovava ao projetar o novo jato regional com motores nas asas em vez da cauda, como em quase todos os aviões da época, graças aos turbofans CF-34 fornecidos pela GE.
Nessa época, a Bombardier levava vantagem sobre a Embraer por conta do maior espaço interno dos CRJ, baseados no jato executivo Challenger. O modelo CRJ700, por exemplo, lançado em 1997, podia transportar até 78 passageiros, muito além das posssibilidades do projeto dos ERJ.
A resposta da empresa brasileira ocorreu em 1999 com a apresentação do Embraer 170 e 190, uma variante para mais de 100 passageiros. Era claro o pulo do gato da empresa brasileira, que tinha em mãos uma aeronave mais capaz em todos os sentidos.
Derrocada das concorrentes
Não demorou para que a Embraer ampliasse a família, lançando o E195, com até 118 assentos, e também o E175, um pouco mais capaz que o E170. Em 2004, o primeiro E170 de produção em série foi entregue para a LOT, da Polônia, dando início a sua carreira vitoriosa.
A despeito da boa aceitação da série CRJ, que contou com versões maiores como a CRJ900 e CRJ1000, a família E-Jet tomou a dianteira em volume de pedidos, sobretudo pela introdução do E175, feito sob medida para atender à cláusula de escopo das companhias aéreas dos EUA.
Diante das limitações técnicas do CRJ, a Bombardier acabou iniciando um projeto novo em folha, a CSeries, com jatos maiores que os E-Jets. Embora tenham nascido com apuro técnico, o CS100 e o CS300 afundaram a fabricante canadense em dívidas, resultando na venda do programa para a Airbus, que o rebatizou como A220.
Nesse meio tempo, a Embraer tomou a dianteira do mercado de jatos regionais, com quase 1.700 E-Jets produzidos. Se encontra dificuldades para fazer a família E2 repetir o sucesso dos jatos E1, a empresa encontra-se sozinha no segmento abaixo de 100 assentos.
A Bombardier vendeu os CRJ para a Mitsubishi, que não tem planos de retomar sua produção ao mesmo tempo em que congelou o programa SpaceJet, cujos aviões possuem características capazes de fazer frente aos E-Jets.
Graças a isso, o E175, último dos E1 a ser lançado, segue em produção e com uma carteira de pedidos respeitável, demonstrando a excelência de um projeto com duas décadas de vida.