Caças da Coreia do Sul disparam tiros de alerta contra aviões russos

Aeronaves da Rússia e China violaram o espaço aéreo de defesa e identificação da Coreia do Sul; Japão também enviou caças
(Oleg V. Belyakov)
o Beriev A-50 é um “avião-radar” e também pode colher informações de inteligência (Oleg V. Belyakov)

Aviões militares de quatro países enfrentaram nesta terça-feira (23) um confronto arriscado e sem precedentes sobre uma pequena ilha na costa da Coreia do Sul. Aeronaves das forças aéreas da China e Rússia violaram o espaço aéreo controlado pelos sul-coreanos, que responderam enviando caças F-16 e F-15 para interceptar e até mesmo disparar tiros de advertência contra os intrusos.

O Estado-Maior da Coreia do Sul divulgou um comunicado afirmando que seus caças dispararam mais de 300 tiros de alerta contra um avião de vigilância aérea russo Beriev A-50 e acompanhou outras aeronaves militares pela manhã que haviam invadido o espaço aéreo do país duas vezes. Essa foi a primeira vez que aeronaves militares da Rússia violaram o espaço aéreo sul-coreano.

Nos procedimentos de interceptação aérea, o tiro de emergência é a última etapa que o piloto do caça deve cumprir antes de receber a ordem de abate. Esgotada todas as tentativas de comunicação e mudança de curso, a aeronave invasora é classificada como hostil e alvejada.

A Rússia negou a violação do espaço aéreo e reclamou que os caças sul-coreanos interceptaram suas aeronaves de forma perigosa durante um voo planejado sobre águas neutras. Além do “avião-radar” A-50, os russos passaram pela região com dois bombardeiros Tupolev Tu-95 e os chineses com outros dois bombardeiros Xian H-6.

Mais tarde, o ministério da defesa do Japão apoiou as alegações da Coreia do Sul, dizendo que também detectou o voo do A-50 próximo das ilhas e enviou caças para interceptá-lo. Em um comunicado adicional, os dois países confirmaram que os aviões chineses e russos voavam juntos.

O Xian H-6 é a versão chinesa do Tupolev Tu-16 (Li Pang)

Os encontros aéreos ocorreram na região do Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão, a cerca de 225 km da costa sul-coreana. A área é composta por duas pequenas ilhas chamadas de Dokdo pelos coreanos e Takeshima, pelos japoneses. Os dois países reivindicam o território, embora a situação não gere conflitos.

Invasões

Os aviões russos e chineses invadiram um espaço aéreo chamado de KADIZ, sigla em inglês para Defesa Aérea e Identificação da Coreia do Sul – em outros países esse tipo de controle aéreo é chamado de ADIZ, de Defesa Aérea e Identificação.

Os aviões russos e chineses invadiram a KADIZ, área limitada de verde em torno da Coreia do Sul

O KADIZ é uma área que circunda a Coreia do Sul (e quase a metade da Coreia da Norte), onde a identificação, localização e controle de aeronaves sobre a terra ou mar são necessárias para a segurança nacional do país. Isso significa que qualquer aeronave que passe por essa região sem autorização pode ser interceptada por caças.

A área de segurança da Coreia do Sul vai muito além de seu espaço aéreo soberano (que vai até 20 km da costa). Esse tipo de espaço e controle, porém, não é reconhecido ou definido por nenhuma lei internacional.

Na prática, qualquer aeronave civil sem identificação que voa perto ou em espaços de ADIZ é monitorada e solicitada a revelar seu plano de voo, destino e quaisquer detalhes adicionais. Já aeronaves militares que não pretendem entrar no espaço aéreo determinado não precisam se identificar, mas é comum que qualquer avião militar estrangeiro voando nesses espaços seja interceptado, identificado e escoltado.

As violações da ADIZ na Coreia do Sul começaram às 6:44, quando foram detectados os H-6 chineses e mais tarde o A-50 russo. As incursões continuaram pela manhã e foram até o começo da tarde. Somando todas as passagens pela área de segurança, os aviões russos permaneceram no espaço por cerca de 93 minutos e os jatos chineses por 85 minutos.

Veja mais: Caça Su-30 da Venezuela intercepta avião de vigilância dos EUA

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