Em busca de clientes na Ásia, novo Embraer E195-E2 estreia no Singapore Air Show

Fabricante vê uma demanda por mais de 2.000 jatos de até 150 assentos na região Ásia-Pacífico nos próximos 20 anos
O Lion Tech é o jato de “test-drive” da Embraer para demonstrações com clientes (Embraer)
O Lion Tech é o jato de “test-drive” da Embraer para demonstrações com clientes (Embraer)

A Embraer é uma das marcas presentes no Singapore Air Show, evento que começa amanhã (hoje no horário local) na cidade-estado na Ásia. A fabricante levou o E195-E2 pela primeira vez a Singapura, movimento que mostra o interesse da empresa na região Ásia-Pacífico.

John Slattery, CEO da Embraer Aviação Comercial, explicou ao AIN pouco antes do evento que o novo jato oferece custos inferiores em rotas curtas e médias e que essa capacidade é adequada para a região.

“Seriam rotas curtas, talvez rotas um pouco mais longas que você não poderia servir com um turboélice. E você deseja colocar um pouco de frequência, para manter esses custos de viagem baixos. Penso que com os 190 e 195-E2 temos uma oportunidade única para os mercados asiáticos, desde o subcontinente indiano até o sudeste da Ásia. É por isso que acho que temos muito interesse das companhias aéreas que visitarão Singapura para uma reunião com a Embraer”, disse o executivo.

A Embraer projeta uma demanda na Ásia-Pacífico por 2.040 jatos com capacidade para 150 assentos, além de outros 950 turboélices, nos próximos 20 anos. A fabricante brasileira ainda tem participação modesta na Ásia-Pacífico, com cerca de 200 aviões em serviço na região.

Exibido em Singapura com a pintura “LionTech” e a promessa de reduzir o consumo de combustível em mais de 20%, o E195-E2 pode atrair a atenção de empresas aéreas no mercado asiático, hoje um ambiente em transformação e altamente concorrido.

A popularização de empresas de baixo custo criou um excesso de capacidade no mercado asiático com aeronaves de corpo estreito, como as séries Airbus A320 e Boeing 737. Isso levou a lucratividade das empresas locais para em torno de US$ 3 por passageiro, muito longe dos US$ 16 obtidos pelas companhias dos EUA, citou Slattery.

“De fato, as empresas de baixo custo agora representam cerca de 65% do mercado na região da Ásia-Pacífico, dando-lhes um nível desmedido de influência na dinâmica do mercado como um todo”, disse o CEO da Embraer Aviação Comercial. Apesar do “inchasso” no mercado, Slattery vê as empresas low cost como um “alvo natural” para os E2.

“Acho que agora é a oportunidade”, disse Slattery. “Agora, com a família E2 e por causa da dinâmica que eu referenciei, acreditamos que as companhias aéreas começariam a se concentrar em um modelo de negócios incremental e adjacente, que atende a esses mercados secundários e terciários com frequência. E você simplesmente não pode fazer isso de forma rentável com equipamentos de maior calibre. Os custos de viagem são muito altos.”

Os jatos E2 da Embraer estão entre os aviões comerciais mais avançados do mundo. Possuem comandos 100% eletrônicos (full fly-by-wire), motores de última geração, asas melhoradas, interior reformulado e com mais assentos. Apesar de todas essas credenciais, os jatos da nova geração somam poucos pedidos.

A KLM é um das companhias que encomendou o novo E195-E2 (Embraer)

Segundo o backlog mais recente da Embraer, divulgado no terceiro trimestre de 2019, a família E2 tinha 168 pedidos firmes, sendo 44 jatos E190-E2 e 124 E195-E2. Menor modelo da série, o E175-E2 ainda não tem encomendas – o jato entra em serviço em meados de 2021. Na outra ponta, a série A220 (ex-Bombardier CSeries) da Airbus, maior concorrente do E2, acumula mais de 500 pedidos.

A joint venture entre a Boeing e Embraer na aviação comercial pode ser o ponto de inversão para o E2 no mercado. A nova empresa liderada pelos norte-americanos, com maior vigor na área de marketing e presença global, pode impulsionar as vendas dos jatos brasileiros pelo mundo. O acordo entre as fabricante aguarda a autorização da Comissão Europeia para ser efetivado. A analise do órgão regulador deve ser finalizada até o final de maio.

Veja mais: Fundador da Azul e JetBlue, David Neeleman lança mais uma companhia nos EUA

1 comment
  1. Nossos aviões não devem nada a ninguém. Mesmo antes da negociação com a Boeing, já tinhamos produtos competitivos tecnicamente e, preço.

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