Venda de caças leves FA-50 para a Argentina é suspensa

Korean Aerospace Industries (KAI) planejava fornecer dez unidades do Fighting Eagle para a Força Aérea Argentina, mas pandemia do coronavírus fez negócio ser postergado
Baseado no americano F-16, o FA-50 tem uma boa capacidade de combate (KAI)
Baseado no americano F-16, o FA-50 tem uma boa capacidade de combate (KAI)

A Korean Aerospace Industries (KAI) afirmou na segunda-feira, 06, que as negociações para a venda de dez caças leves FA-50 para a Força Aérea Argentina foi suspensa por conta da pandemia do coronavírus. O acordo estava sendo costurado no ano passado pelo então presidente Mauricio Macri em conversas com seu colega sul-coreano, Moon Jaen-in em um pacote cujo valor chegava a US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão).

“É difícil para a Argentina gastar seu orçamento de defesa para caças quando está enfrentando dificuldades devido à propagação do vírus”, argumentou um executivo da KAI a um jornal da Coréia do Sul. Variante de combate do jato de treinamento avançado T-50 Golden Eagle, o caça sul-coreano tem sido oferecido como uma solução acessível para países que operam aeronaves defasadas.

A Argentina, que já chegou a ter uma numerosa frota de caças, entre eles o Mirage III e o Dagger, uma versão aprimorada produzida pela IAI, atualmente utiliza os aviões de ataque A-4R na defesa aérea do país.

Baseado no caça Lockheed Martin F-16, o FA-50 Fighting Eagle utiliza um motor turbofan F404 fabricado sob licença pela Samsung, possui controles fly-by-wire, conceito HOTAS e radar pulso doppler. O caça de dois lugares pode atingir Mach 1.5 e transportar mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder e uma grande variedade de armamentos ar-terra. Atualmente, a aeronave da KAI é operada pela Indonésia, Filipinas, Tailândia e Iraque, além da Coreia do Sul, tanto em versões de treinamento quanto combate.

A Argentina tem tentado solucionar o impasse a respeito da defesa aérea do país há vários anos. A força aérea do país está sem um interceptador nato desde 2015, quando aposentou seus seis caças Mirage III remanescentes de uma compra realizada em 1972. Ou seja, operaram por dez anos após o Brasil tirar de serviço seus próprios Mirage III, recebidos um pouco antes.

Desde então, várias hipóteses de substituição surgiram como comprar caças Kfir usados de Israel, adquirir o modelo Chengdu J-10 da China, o sino-paquistanês JF-17 ou fechar negócio pelo Saab Gripen com intermédio do Brasil. Com recursos limitados, no entanto, nosso vizinho preferiu estudar a aquisição de caças leves como M-346FA, da Leonardo, e o próprio FA-50 sul-coreano, cuja primeira proposta foi feita ainda em 2016.

Pelo jeito, os velhos e lentos A-4R e os pequenos IA-63 Pampa continuarão com a árdua tarefa de proteger o espaço aéreo argentino por muito tempo.

Novo IA-63 Pampa é entregue para a Força Aérea Argentina: árdua tarefa de defender o país pelo ar (MDA)

Veja também: Argentina “desaposenta” o Pucará e anuncia retorno do avião em nova versão

1 comment
  1. A Argentina não comprará o Gripen, com ou sem intermédio brasileiro.

    Mesmo que a Argentina supere as dificuldades financeiras, o que seria inédito num governo bolivariano/socialista, a compra dos caças suecos esbarraria no embargo imposto pela Grã-Bretanha, pois o caça contém muito da tecnologia britânica.

    Quanto ao Pampa, me parece ser uma boa aeronave, mas que tem enfrentado sérias restrições de venda. No caso, não deve ser o preço, mas a confiabilidade no fabricante e, principalmente, na instável situação política que o país vem sofrendo.

    A FAdEA já tem quase um século, mas nestes anos todos não foi capaz de desenvolver um sucesso militar ou comercial. Gastou muito dinheiro, adquiriu conhecimento, que teve pouco uso prático. Era estatal, foi privatizada, depois reestatizada. Como a compra envolve mais do aviões, leia-se treinamento, peças de reposição, transferência de tecnologia, os compradores ficarão sempre com um pé atrás.

    Talvez um vizinho pobre e alinhado venha a comprar dois ou três exemplares do Pampa, cujo projeto original vem do final dos anos 1960. Nada que faça do programa, já velhinho, um campeão de vendas.

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