Presidente da Embraer cita China e Índia como potenciais parceiros

Executivo afirmou que acordos de colaboração com outras empresas podem envolver produtos, engenharia e produção
O E195-E2 e o KC-390 são alguns dos principais destaques do Paris Air Shoe deste ano (Embraer)
O acordo com a Boeing previa a criação de duas joint ventures, uma na aviação comercial e outra para promover o programa da aeronave militar C-390 Millennium (Embraer)

O presidente e CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse nesta segunda-feira, 1, em teleconferência, que China e Índia, além de “outros países”, podem ser potenciais novos parceiros da fabricante brasileira após o fracasso do acordo de joint venture com a Boeing.

Na semana passada, a agência Reuters noticiou que empresas aeroespaciais de China, Índia e Rússia estavam interessadas na divisão de jatos comerciais da Embraer, embora nenhuma das partes tenha confirmado qualquer tipo de negociação ou conversas sobre parcerias.

Apesar da afirmação, Gomes Neto disse que ainda é cedo para discutir detalhes sobre novas oportunidades de parcerias, enquanto a fabricante estuda um novo plano para os próximos cinco anos. O executivo ainda acrescentou que acordos de colaboração com outras empresas podem envolver produtos, engenharia e produção.

O presidente da fabricante, no entanto, ressaltou que a Embraer não estava negociando atualmente com a COMAC da China, a Irkut da Rússia ou com a Índia sobre qualquer possível negociação para substituir o acordo com a Boeing, acrescentando que empresa avalia regularmente a possibilidade de parcerias.

A Embraer registrou uma perda de US$ 292 milhões no primeiro trimestre de 2020 devido à crise no setor aéreo causada pela pandemia do novo coronavírus e ao impacto do fim do acordo com a Boeing. Entre janeiro e março deste ano, a fabricante entregou apenas cinco jatos comerciais e nove modelos executivos. Esse foi o pior resultado da empresa neste século.

Segundo Gomes Neto, a Embraer gastou US$ 677 milhões no primeiro trimestre e agora está em busca de uma nova liquidez. A fabricante está perto de fechar um empréstimo de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) do BNDES e dos bancos privados Bradesco, Itaú, Santander, Citibank, Morgan Stanley e Natixis.

O presidente da Embraer disse que a decisão de colocar funcionários em férias remuneradas em janeiro para finalizar os detalhes da joint venture com a Boeing foi em grande parte responsável por uma perda de 23% na receita. Em março, quando o surto da Covid-19 foi classificado pela OMS como pandemia, a empresa voltou a afastar seus trabalhadores para evitar a disseminação no vírus.

A parceria com a Boeing era considerada fundamental para o futuro da Embraer. O poder de negociação da empresa norte-americana estabelecido no mundo todo daria maior projeção aos aviões produzidos no Brasil, além de oferecer vigor financeiro para bancar novos projetos. Do outro lado, a fabricante dos EUA teria produtos para competir no setor de aviação regional, em especial contra Airbus A220 (ex-Bombardier CSeries). O acordo também previa a criação de uma segunda joint venture na área militar para promover a aeronave militar C-390 Millennium.

Veja mais: E se os chineses comprarem a Embraer?

 

 

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