Projeto mais atrasado do mundo, Mitsubishi SpaceJet continua sem data de lançamento

Fabricante japonesa informou que segue comprometida em alcançar a certificação do M90, mas não divulgou um prazo para concluir o processo
Mitsubishi SpaceJet M90
Fim da linha para o SpaceJet: projeto iniciado em 2008 foi encerrado pela Mitsubishi (Divulgação)
Ex-MRJ90, o SpaceJet M90 é um dos projetos aeronáuticos mais problemáticos da indústria (Divulgação)

A Mitsubishi Aircraft anunciou nesta segunda-feira, 15 de junho, que iniciou um processo de reorganização de seus negócios em meio a crise do coronavírus e reiterou que segue comprometida com a certificação do jato regional SpaceJet M90 (ex-MRJ90), cujo desenvolvimento vem se arrastando há mais de 17 anos.

Em comunicado, a fabricante japonesa diz promoveu Yasuhiko Kawaguchi para o cargo de engenheiro-chefe executivo, cargo que era ocupado pelo britânico Alex Bellamy desde 2018. Com 35 anos de experiência na Mitsubishi, Kawaguchi agora será o responsável por supervisionar o projeto e a certificação de tipo da aeronave para 90 ocupantes, proposta para competir na mesma categoria do Embraer E190-E2.

“Para que a Mitsubishi Aircraft resistisse à crise atual, a empresa teve que reorganizar as prioridades e mudar seu foco do desenvolvimento para perseverança e determinação. Esse novo ambiente de negócios exigia o desenvolvimento de um novo plano operacional para este ano fiscal, que incluísse o redimensionamento de sua organização para que a Mitsubishi Aircraft pudesse suportar e emergir dessa crise”, continua a empresa.

A fabricante ainda acrescentou que segue “aprimorando o design” do M90 e validando os dados obtidos em mais de 3.900 horas de teste de voo. A Mitsubishi, no entanto, não apontou nenhuma nova data sobre a conclusão do processo de certificação e estreia da aeronave no mercado.

A pandemia do novo coronavírus causou ainda mais estragos ao já problemático programa SpaceJet, da Mitsubishi. No final de maio, a fabricante anunciou severos cortes no projeto, incluindo o fim de todas as atividades de desenvolvimento fora do Japão e a decisão de suspender por tempo indeterminado o projeto do M100, jato para para até 76 passageiros e que deveria ser um concorrente direto do Embraer E175-E2.

A empresa japonesa ANA será o primeiro operador dos jatos regionais da Mitsubishi (Divulgação)

Atrasado, o programa de desenvolvimento previa que o novo avião entraria em operação em 2023, mas os seguidos atrasos com seu irmão maior, o M90, cuja certificação estava prevista para este ano, motivaram a fabricante a concentrar seus esforços apenas nesse modelo. Nesse meio tempo, o grupo Mitsubishi Heavy Industries (MHI) ainda gastou US$ 550 milhões para adquirir o programa CRJ da Bombardier, hoje rebatizado como MHI RJ. A negociação foi concluída em junho.

Projeto mais atrasado do mundo

O programa de jatos da Mitsubishi é atualmente o projeto comercial aeronáutico mais atrasado da indústria, superando até o jato C919 da chinesa COMAC. A aeronave foi anunciada pela fabricante japonesa em 2007 e as primeiras entregas eram previstas para 2013. Contudo, o primeiro voo do M90 (ainda chamado MRJ90) aconteceu somente em novembro de 2015.

Passados sete anos do prazo original, a Mitsubishi já adiou o lançamento da aeronave seis vezes. Antes da pandemia, a fabricante divulgou que planejava iniciar as entregas do M90 entre o final de 2021 e início de 2022, mas diante do contexto econômico atual dificilmente esses prazos devem ser alcançados.

Veja mais: Azul estreia em Congonhas com jatos Airbus A320neo

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