Veterano avião-espião U-2 voa com “co-piloto” de inteligência artificial

Sistema batizado de ‘ARTUµ’ foi utilizado numa missão de teste, assumindo a navegação tática enquanto um piloto da USAF voava a aeronave
Apesar da idade avançada, o Lockheed U-2 segue ativo em missões de espionagem aérea (Foto - USAF)
Apesar da idade avançada, o Lockheed U-2 segue ativo em missões de espionagem aérea (Foto – USAF)
Piloto do U-2S: ajuda de algoritmo (USAF)

A Força Aérea dos EUA (USAF) anunciou nesta quarta-feira (16) ter realizado um voo de teste em que um sistema de inteligência artificial foi usado com sucesso como parte de uma missão simulada. O algoritmo de IA, batizado de ARTUµ, ficou responsável pelo controle e direção do radar de um avião espião U-2S Dragon Lady, veterano de reconhecimento da Lockheed Martin.

De acordo com a USAF, a aeronave decolou da base aérea de Beale, na Califórnia, na segunda-feira (14) para uma missão simulada de reconhecimento. A tarefa do ARTUµ foi encontrar possíveis lançadores de mísseis terra-ar enquanto o piloto buscava por aeronaves inimigas, compartilhando o mesmo sistema de radar.

“O voo com o ARTUµ culmina nossa jornada de três anos para nos tornarmos uma força digital”, afirmou o Dr. William Roper, secretário assistente da USAF para aquisição, tecnologia e logística. “Utilizar inteligência artificial com segurança no comando de um sistema militar dos EUA pela primeira vez inaugura uma nova era de equipes homem-máquina e competição algorítmica. Ignorar todo o potencial da IA significará ceder a vantagem de decisão aos nossos adversários”, completou.

O chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Charles Q. Brown Jr, prevê que “a inteligência artificial desempenhará um papel fundamental para alcançar essa vantagem, por isso estou incrivelmente orgulhoso do que a equipe realizou. Devemos acelerar a mudança e isso só acontece quando nossos aviadores empurram os limites do que pensávamos ser possível”.

Após a decolagem, o controle do radar foi transferido para o algoritmo, que então operou o equipamento com base em informações previamente aprendidas em mais de meio milhão de interações de treinamento simuladas por computador.

Programa µZero

Chama a atenção também a rapidez como o novo sistema foi absorvido pelo U-2. Foram apenas dois meses entre a atualização do software de bordo e o primeiro voo de teste. Para chegar a um código capaz de assumir funções humanas, no entanto, o laboratório da Força Aérea contou com uma ajuda imprescindível, o programa µZero, famoso por ser capaz de jogar xadrez e games avançados sem ter conhecimento prévio de suas regras.

O uso da inteligência artificial em sistemas de defesa é considerado crucial pelos EUA para manter suas forças na vanguarda ante o avanço no desenvolvimento militar da Rússia e, sobretudo, da China. A meta é que esses algoritmos não apenas ajudem os pilotos como tomem decisões de forma autônoma, até mesmo sem anuência de tripulantes. Resta saber se o programa será capaz de entender a ética em conflitos.

A Força Aérea dos EUA adaptou um software de inteligência artificial usado em jogos de estratégia (USAF)

Veja também: Avião sexagenário U-2 segue evoluindo

 

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