Em eterno desenvolvimento, caça MiG-41 permanece um mistério

Desde pelo menos 2014, substituto do MiG-31 é cogitado pela Rússia, mas até hoje nada de concreto sobre a aeronave foi apresentado
Uma das inúmeras ilustrações que tentam antever o MiG-41 (Alexsander Yartsev)
Uma das inúmeras ilustrações que tentam antever o MiG-41 (Alexsander Yartsev)

No dia 22, a Rostec, uma espécie de empresa estatal russa de tecnologia, publicou um artigo em que elogiava o caça MiG-31, um dos poucos aviões de combate capazes de voar próximo a Mach 3. Veterana, a aeronave está passando por uma modernização que a fará permanecer em serviço na força aérea até 2030.

No final do artigo, a Rostec acrescentou que “o desenvolvimento da próxima geração de caças interceptador já começou. O projeto do Complexo Avançado de Aviação de Interceptação de Longo Alcance (PAK DP) está em fase de desenvolvimento”.

Não se trata de nada novo já que membros do governo russo afirmam que o substituto do MiG-31, também referido como MiG-41, está em desenvolvimento desde pelo menos 2014. Mas foi o suficiente para uma nova onda de artigos sugerir que o novo caça começou a ser desenvolvido – de novo.

A despeito do fato de ter sido confirmado oficialmente por uma organização bastante importante no governo, o projeto do PAK DP parece ainda muito distante de se tornar realidade.

Até hoje quase nenhuma informação oficial foi divulgada. Comenta-se que o novo caça seria capaz de voar acima de Mach 4 ou 5, um desafio técnico imenso, e que também teria capacidade furtiva, algo inédito até onde se sabe.

Durante os últimos anos, não faltaram previsões otimistas sobre a aeronave. Em 2014, por exemplo, foi dito que o trabalho de pesquisa havia sido iniciado e que o jato entraria em serviço em 2020.

Em 2017, um artigo do site RIA-Novosti citou o diretor geral da MiG, Ilya Tarasenko, para afirmar que o MiG-41 voaria em velocidades hipersônicas e mesmo no “espaço”, mas até a mídia do país não compreendeu exatamente a que o executivo se referia.

Mais tarde, em 2018, a agência de notícias russa TASS revelou que a MiG pretendia apresentar ao público os trabalhos de criação do PAK DP, mas nada aconteceu.

Em 2019, o mesmo Tarasenko prometeu concluir o projeto do MiG-41 até o final daquele ano e voltou a acrescentar algumas futuras características como furtividade, grande alcance e capacidade de transporte de armamentos. Mais uma vez, o PAK DP permaneceu um mistério.

Por fim, no ano passado, rumores sem qualquer origem fidedigna circularam na internet prevendo o primeiro voo em 2025 e a entrada em serviço em 2028.

Projeto desafiador

Substituir o MiG-31 não é uma tarefa simples. Desenvolvido com base no famoso MiG-25, o jato supersônico possui um projeto antiquado para os atuais padrões de defesa aérea e depende do radar Zaslon-M modernizado na versão MiG-31BM para ser capaz de rastrear múltiplos alvos a 320 km de distância e lançar seis mísseis de forma simultânea.

Além dessa versão, a Força Aérea da Rússia ainda opera o MiG-31K, variante que transporta o míssil hipersônico Kinzhal, cotado para ser usado no Su-57. Atualmente, a divisão Sokol da MiG trabalha na modernização de 114 caças com previsão de conclusão do programa em 2023. Por isso, a aeronave deve permanecer em serviço até 2030, permitindo que a Rostec possa seguir com o projeto do PAK DP.

A grande pergunta que fica no ar é saber até que ponto o MiG-41 é necessário. Embora a extensa fronteira da Rússia seja um bom motivo, é difícil afirmar que um interceptador tão peculiar como parece ser o PAK DP possa oferecer um avanço tecnológico suficiente para bancar o certamente elevado custo do programa.

O fato de as previsões terem fracassado até aqui mostra que o MiG-41 deverá aparecer na mídia muitas vezes ainda, mas sem que nada de concreto seja apresentado tão cedo.

Concepção artística do MiG-41 que circula na internet: nada oficial até hoje (Reprodução)

Veja também: Su-57 derrotaria facilmente o F-35, diz piloto de testes russo

1 comment
  1. Não faz o menor sentido construir um caça capaz de atingir Mach 4 ou 5. O avião teria que ser enorme, para carregar uma grande quantidade de combustível, pois o consumo seria elevadíssimo, e por conta disso, seria muito pesado e pouco manobrável.
    O advento dos mísseis hipersônicos tornam caças assim totalmente dispensáveis.

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