Gol vê receita crescer em meio a impasse com funcionários

Companhia aérea fechou o segundo trimestre com receita operacional líquida de R$ 3,24 bilhões, mas amargou um prejuízo líquido de R$ 2,85 bilhões. Tripulantes reclamam de achatamento nos salários
Boeing 737 MAX da Gol (Divulgação)

A Gol Linhas Aéreas vive um momento turbulento no mercado. A companhia aérea apresentou números financeiros contrastantes nesta quinta-feira, 27. Enquanto viu sua receita subir mais do que o esperado, para R$ 3,24 bilhões no segundo trimestre, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 2,85 bilhões.

Segundo analistas de mercado, o motivo seria a alta no preço dos combustíveis no período, que afetou o bom resultado obtido com a volta da demanda de passageiros, incluindo os corporativos (que gastam mais para voar) e evidentemente a elevação dos preços dos bilhetes aéreos. A variação cambial também teria pesado bastante no trimestre.

Embora tenha comemorado o aumento da produtividade, a Gol convive com uma situação delicada em relação aos seus funcionários, sobretudo o pessoal de voo. Após um período crítico durante a pandemia em que a direção da empresa conseguiu estabelecer acordos para manutenção de empregos enquanto reduzia a carga horária e salários, os pilotos e comissários têm clamado por reajustes para cobrir a desatualização causada pela inflação.

Em carta enviada ao canal “Viajando com o Luiz“, o “Grupo de Voo Gol Linhas Aéreas”, que reúne tripulantes, repudiou a atitude da empresa. Segundo eles, a companhia deveria ter recomposto as condições trabalhistas de antes da pandemia, mas em vez disso está pleiteando reduzir os salários mesmo com a demanda de passageiros crescente, ignorando a proposta do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) de reajuste de 8,5% para recompor os valores perdidos com a inflação acumulada.

Em vez de recomposição salarial, a Gol ofereceu uma redução salarial associada a uma compensação extraordinária durante quatro meses de 2022. Segundo o SNA, o valor mensal seria de R$ 2.300 para comandantes, R$ 1.100 para co-pilotos, R$ 550 para chefes de cabine e R$ 450 para comissários. Os pagamentos não constariam como parte do salário, no entanto.

Além disso, a companhia aérea anunciou a criação de um comitê com 12 tripulantes que seriam incumbidos de buscar oportunidades para otimizar os custos da Gol e reverter esses ganhos à categoria. As condições foram rechaçadas pelo SNA que convocou uma manifestação na próxima segunda-feira, 1º de agosto.

 

 

 

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