Entrou em vigor nesta terça-feira (23) a proibição de voos domésticos de curta distância na França em trechos onde existem alternativas de viagens em trens que podem ser realizadas em menos de duas horas e meia. O objetivo da nova regra é reduzir as emissões de carbono no território francês.
A regra era debatida por legisladores franceses há dois anos, mas somente nesta semana foi realizada a votação pela implementação da nova lei. Com a proibição valendo, voos diretos de Paris para grandes cidades na França como Nantes, Lyon e Bordeaux serão excluídos.
Polêmica, a medida já está causando controvérsias. Laurent Donceel, chefe interino do grupo industrial Airlines for Europe (A4E), foi um dos primeiros a demonstrar descontentamento. À agência AFP, o diretor da associação que reúne empresas aéreas da Europa disse que “a proibição dessas viagens terá apenas efeitos mínimos” na emissão de CO2, acrescentando que os governos deveriam discutir “soluções reais e significativas” para o problema da poluição na aviação.
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A legislação que proíbe voos de curta duração na França foi elaborada pela Convenção dos Cidadãos sobre o Clima da França, criado por iniciativa do presidente Emmanuel Macron em 2019. O plano inicial do grupo era ainda mais restritivo e propunha desativar os voos onde haviam alternativas de trem em viagens com menos de quatro horas de duração.
A proibição de viagens aéreas domésticas de quatro horas, período em que é possível atravessar voando praticamente toda a França continental do norte ao sul e do leste ao oeste, era defendida pelo grupo de consumidores francês UFC-Que Choisir para reduzir as emissões poluentes no país.
“Em média, o avião emite 77 vezes mais CO2 por passageiro do que o trem nessas rotas, embora o trem seja mais barato e o tempo perdido seja limitado a 40 minutos”, afirmou a organização em nota enviada a BBC.
O grupo também pediu ao governo francês “salvaguardas para que a SNCF (ferrovia nacional francesa) não aproveite a oportunidade para inflar artificialmente seus preços ou degradar a qualidade do serviço ferroviário” em função da proíbição dos voos de curta distância.
As companhias aéreas francesas, entre elas a tradicional Air France, ainda não se manifestaram sobre a nova regra.
