Boeing pagará mais de R$ 800 milhões à Embraer após deixar parceria

Empresas estavam em meio a um processo de arbitragem desde 2020 quando a Boeing abandonou uma joint venture pela divisão de aviões comerciais da fabricante brasileira
Boeing e Embraer: joint venture cancelada em 2020
Boeing e Embraer: joint venture cancelada em 2020 (Airway)

A Embraer e a Boeing chegaram a um acordo após um longo processo de arbitragem motivado pelo fim do projeto de joint venture na divisão de aviões comerciais da fabricante brasileira.

Segundo a Embraer, a Boeing concordou em pagar US$ 150 milhões (cerca de R$ 830 milhões) por ter abandonado a transação que previa o pagamento de US$ 4,2 bilhões para ficar com 80% dos negócios da aviação comercial, formado pelos E-Jets.

Em nota, a Boeing afirmou que estar satisfeita “por ter concluído o processo de arbitragem com a Embraer. De forma mais ampla, temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil e esperamos continuar contribuindo para a indústria aeroespacial brasileira.”

O fim da parceria ocorreu em abril de 2020, logo após o início da pandemia e quando a Boeing já enfrentava graves problemas envolvendo o 737 MAX, na época com todas as aeronaves aterradas no mundo.

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Boeing Brasil -Commercial seria o nome da nova empresa
Boeing Brasil -Commercial seria o nome da nova empresa

O processo de arbitragem começou logo em seguida, com a gigante dos EUA alegando que a Embraer não havia cumprido as condições previstas enquanto a empresa brasileira.

Em um comunicado aos seus acionistas, a Embraer revelou ter fechado um “acordo de colarinho” para encerrar a disputa.

Relembre o assunto

A Boeing e a Embraer começaram as conversas para um possível união de seus negócios em 2017 logo após a Airbus comprar o programa de jatos comerciais C Series, da Bombardier.

Após discussões ficou acertado que a Boeing pagaria US$ 4,2 bilhões para ficar com 80% das ações da nova empresa que seria responsável pelas aeroanves comerciais da Embraer como o E175 e os novos jatos E2.

Haveria também uma parceria em relação ao transporte tático C-390 Millennium.

A Embraer então iniciou um complexo processo de separar toda a divisão de aviação comercial do seu negócio, além de pausar vários desenvolvimentos à espera da fusão.

Jato E195-E2 da Embraer
Jato E195-E2 da Embraer

Em abril de 2020, pouco antes de vencer o prazo para que a transação fosse assinada, a Boeing veio a público afirmar que a Embraer não havia cumprido sua parte.

“A Boeing trabalhou diligentemente por mais de dois anos para finalizar sua transação com a Embraer. Nos últimos meses, tivemos negociações produtivas, mas, no fim das contas, malsucedidas sobre condições não satisfeitas do MTA (Master Transaction Agreement). Todos nós almejávamos resolver isso até a data de término inicial, mas isso não aconteceu”, disse Marc Allen, que liderou o processo na época.

A Embraer rechaçou as insinuações afirmando que havia cumprido todo os passos previstos e que a Boeing estava “fabricando pretextos” para deixar negócio.

Desde então, a empresa brasileira fez o caminho inverso ao reassumir a divisão de aviões comerciais e avançar com aprimoramentos em seu portfólio.

 

4 comments
  1. Excelente notícia. Temia a corte não nos dar ganho de causa. Como no caso Zunum Aero, start up de avião elétrico, onde mesmo processando a Boeing por quebra de contrato e roubo de engenheiros, a Zunum perdeu a causa e foi eliminada do mercado. Esses USD $ poderiam muito bem ir para a família energia da EMB. E vingar a Zunum. 😀

  2. a Embraer gastou mais de 300 milhões na construção de um conjunto de prédios na sua unidade em Eugênio de melo ,que nos dias de hoje são sub utilizados,fora os gastos na área de TI ,a boeing só pagou os gastos…acordo de cavalheiros… ainda bem …pois poderia ter sido pior

  3. Foi uma pechincha pra Boeing, que sirva de lição pra Embraer para que invista nela e no seus engenheiros, pois com certeza esse é o maior ativo da empresa : seu know-how.

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