No dia 1º de outubro de 2024, a aeronave VC-1A da FAB, um Airbus A319 ACJ (Advanced Corporate Jetliner), sofreu uma pane após decolar do aeroporto da Cidade do México, tendo a bordo o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Como se sabe, o caso do chamado “Aerolula” ser obrigado a voar em círculos por 4 horas para queimar combustível e descer com peso menor, em segurança de volta à Cidade do México, acendeu uma luz de alerta na FAB.
Nas últimas semanas, Lula solicitou que a Aeronáutica avalie a compra de “novos aviões” para o GTE (Grupo de Transporte Especial) da FAB, numa clara demonstração de que o VC-1A atual não atende aos requerimentos de segurança da presidência.
Nas forças aéreas nacionais, o avião presidencial é o mais importante por transportar o chefe da nação, assim como aviões dedicados a representantes monárquicos e outros chefes de estado, por exemplo.
Adquirido em 2005, o VC-1A já não teria mais condições de oferecer segurança ao presidente e se faria necessária a aquisição de um novo avião presidencial.
Lula já manifestou interesse em contar com um Airbus A330-200, widebody espaçoso e do qual a FAB possui dois exemplares que serão transformados em aviões-tanque MRTT.
No entanto, qualquer um dos dois KC-30 teria que passar por uma extensa modificação para cumprir o papel de avião VVIP (pessoa muito, muito importante).
E se fosse um jato da Embraer?
Ainda que existam opções no exterior, o Brasil é privilegiado por ter a Embraer. Mas será que o fabricante de São José dos Campos poderia assim suprir as necessidades executivas da FAB, ou não?
O Embraer E-Jet E2 é atualmente o principal avião comercial da empresa brasileira e teoricamente poderia servir ao presidente, já que seu espaço interno permite uma configuração executiva de alta classe, como já vista no antigo Lineage 1000E, derivado da geração anterior de seu irmão menor, o E190.
Por ser de um fabricante local, a vantagem em termos de custos seria enorme, já que um E195-E2 é considerado o melhor de sua categoria e com custos operacionais inferiores aos principais concorrentes.
Outro ponto importante é que a configuração presidencial seguiria os planos do Lineage 1000, mas já numa opção mais avançada.
Com uma suíte de aviônicos de última geração, o E2 presidencial permitiria ainda integração melhor com o KC-390, Gripen e R99, entre outras aeronaves da FAB.
Ainda que pese ter uma área interna menor que a do A319 ACJ (de fuselagem larga), o E195 E2 (de fuselagem estreita) como VC-1A teria uma nova arquitetura interna, que poderia empregar um visual austero e sustentável.
Tendo menos luxo e mais praticidade, o E2 presidencial reduziria
o impacto do peso no alcance e acomodaria melhor os 40 passageiros
e tripulação. Deve-se lembrar ainda que os novos motores são 20%
mais econômicos, sendo mais
silenciosos, limpos e potentes.
Além de gerar divisas no próprio país, um hipotético E2 “VC-3” também seria uma vitrine para o Brasil nos deslocamentos oficiais do chefe do executivo, mostrando a tecnologia nacional para potenciais clientes mundo afora.
Num país sede da terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo, o presidente voar num avião estrangeiro soa como uma ofensa. Por isso, o Embraer E195-E2 configurado como aeronave presidencial seria mais econômico, seguro e politicamente correto. Todavia, existe um aspecto menos favorável ao jato brasileiro.
Alcance é o calcanhar-de-aquiles?
Um avião presidencial precisa ter um bom alcance para que o chefe do executivo reduza ou elimine as escalas até o destino. Por isso, a autonomia é fundamental.
O Airbus A319 ACJ do presidente Lula é configurado para ir
longe, assumindo rotas de 11.100 km. Isso garante que o presidente
alcance Paris, Londres, Berlim, Lisboa, Bruxelas, entre outras, a
partir de Brasília, assim como Nova
York e Washington, nos EUA, por exemplo.
No caso do E2, a autonomia não seria tão grande. O motivo é que a configuração executiva poderia seguir os planos do antigo Lineage 1000E, cujo alcance era de 8.519 km, bem maior que os 4.815 km do E195 E2 atual, usado na aviação comercial.
Esse Embraer executivo fez o Paquistão, por exemplo, convertê-lo em avião de patrulha marítima, dado sua boa autonomia de voo. Todavia, o Lineage 1000E pertence à primeira geração de jatos E-Jet da Embraer, sendo no caso derivado do E190.
Este é menor que o E195, considerado aqui como E2 presidencial.
Assim, a configuração provável teria um alcance proporcionalmente
18% maior que o Lineage 1000E, tendo como base o ganho em alcance
do E190 E1 para o
E190 E2, de 4.537 km para 5.278 km.
Como já mencionado, o Lineage 1000E tem 8.519 km de autonomia, mas um E195 E2 presidencial, maior e com motores novos dos E-Jets atuais, poderia alcançar teoricamente 10.000 km ou mais. Com isso, ele teria uma autonomia cerca de 1.000km menor que o ACJ atual.
Isso parece muito, é verdade, mas com um raio de 10.000 km, partindo de Brasília, o E2 presidencial alcançaria todas as capitais da Europa Ocidental e também a Costa Oeste dos Estados Unidos. Ele voa na mesma altitude (12.500 km) e velocidade (Mach 0,82) do Airbus ACJ, porém, gastando e poluindo bem menos.
Com tecnologia a bordo para comunicação de última geração e produção nacional, essa nova aeronave evitaria a aquisição de outro Airbus ou Boeing, tendo suas atualizações feitas pela própria Embraer em São José dos Campos.
Bem diferente do E2 comercial, o E2 presidencial permitiria voos non-stop e traslado com apenas uma escala estratégica para se alcançar nações da Ásia. Além disso, o projeto dessa aeronave reacenderia a oportunidade de venda de uma nova geração do Lineage 1000, um Lineage 1000E2.
Então, diante da recente ordem de Lula de comprar mais de um avião, a produção deste E2 presidencial, numa configuração mais benéfica para o governo, garantiria a manutenção de empregos aqui.
Isso sem contar fomentar tecnológica nacional e, novamente, enaltecer os benefícios de se ter um fabricante nacional capaz e pronto para responder às necessidades do país.
Há 20 anos, o Brasil não tinha uma aeronave capaz de cumprir essa tarefa, mas agora, com o E195 E2 configurado como um Lineage de nova geração, atenderia razoavelmente bem o presidente pelos próximos 15 anos.
Seria isso ou novamente aguardar um futuro jato maior da Embraer.
Eu concordo que o fornecedor deveria ser a Embraer, mas a partir da base do E175-E2 c/ configuração VIP p/ 20 passageiros (incluso 4 pilotos) c/ autonomia de 10.000 milhas náuticas ~ 18.000 km. Isso permitira voo sem escala de Brasilia à Pequim ~ 17.000 km. A unidade reserva – mesma base E175-E2, c/ configuração interna poltronas leitos p/ 35 passageiros, c/mesmo alcance, p/ levar a comitiva. Então a Embraer teria jato executivo de longo percurso p/ rivalizar c/ Airbus + Boeing, Bombardier,Dassault, Gulfstream e etc.
Bom dia.
Creio que a necessidade de se obter um novo avião presidencial se faz necessária devido a maior importância do país no cenário geopolítico mundial. Entretanto , mesmo tendo a terceira maior empresa produtora de aeronaves no mercado mundial atualmente, suas aeronaves não tem perna para longo demasiadamente longos.
Seria interessante adquirir aeronaves Airbus A-330 , usadas ou não , sendo uma para VVIP e outras duas REVO, ao mesmo tempo que adquiri os E-JET 195 e assim substituiria os mais antigos.
Conversa fiada de que a aeronave não tem “condições de oferecer segurança”. As duas aeronaves tem menos de 20 anos de idade e, certamente, poucos ciclos de vôo. Tudo não passa de uma vontade de “massagear o enorme ego” desta figura política nefasta ao país. Pelo que se pode concluir, é mais “importante” gastar bilhões em aeronaves desnecessárias só para satisfazer as vontades e caprichos dessa corja política do que criar uma infraestrutura exclusiva para combate a incêndios em um país com dimensões continentais que “queimou” milhares de hectares de nossa rica fauna e flora por mais de 5 meses. E isso ocorre todo ano.