Acervo do antigo “Museu da TAM” não foi vendido para Helisul, diz criador

A comunidade aeronáutica foi pega de surpresa na última semana com a notícia de que o acervo de aeronaves do “Museu Asas de um Sonho” em São Carlos (SP), fechado desde 2016, seria transferido para Foz do Iguaçu, num acordo intermediado pela Helisul, empresa de táxi-aéreo do Paraná. Isso, no entanto, não é verdade.

Em contato com o Airway, João Amaro, um dos responsáveis pela coleção com mais de 100 aviões e helicópteros, negou que o acervo tenha sido negociado. João e seu irmão Rolim Amaro, fundador da companhia TAM Linhas Aéreas falecido em 2001, foram os idealizadores do Museu Asas de um Sonho, que também era conhecido como “Museu da TAM”.

“De fato, assinamos uma intenção com a Helisul de cessão de aeronaves do museu para a formação de um museu em Foz do Iguaçu, mas o assunto não prosperou”, explicou Amaro. “Isto (ocorreu) há sete ou oito meses e desistimos do negócio. O acervo está integralmente em São Carlos.”

Amaro, porém, expressou seu desejo de transferir a coleção de São Carlos para São Paulo. “Estamos falando com a prefeitura de São Paulo, que disponibilizou no campo de Marte uma área para construção e transferência, que é o local da sua verdadeira vocação. Nunca perdi a esperança de trazê-lo para São Paulo para colocar o acervo de mais de 100 aeronaves a disposição dos paulistanos amantes da aviação, crianças estudantes enfim, da humanidade.”

“A propósito, tencionamos pedir o apoio das três grandes empresas aéreas do país para que nos ajude a construí- lo”, acrescentou João Amaro.

A redação entrou em contato com a Helisul, mas a empresa não respondeu até o fechamento deste texto. A informação não confirmada sobre a venda do acervo havia sido publicada num site da cidade de Foz de Iguaçu, mas sem qualquer confirmação das partes envolvidas.

Maior museu de aviões privado do mundo

Inaugurado em 2006 no município de São Carlos, o Museu Asas de um Sonho era o maior museu aeronáutico do mundo mantido por uma companhia aérea privada.

A coleção possui aeronaves clássicas que foram operadas pela TAM no passado, como os Fokker 27 e Fokker 100, e preciosidades como um Lockheed Constellation e antigos caças da Segunda Guerra Mundial, entre eles um F-4 Corsair da Marinha dos Estados Unidos e um P-47 Thunderbolt com as cores do grupo de caça “Senta a Púa!” da Força Aérea Brasileira (FAB).

Apesar da enorme coleção de raros aviões e helicópteros civis e militates, o museu da TAM nunca registrou grande movimentação de público. O local onde as aeronaves eram expostas fica a cerca e 250 km do centro de São Paulo.

Quando as atividades do museu foram suspensas, a TAM informou em 2016 que a decisão estava “atrelada ao acirramento dos desafios econômicos do país, provocado pelo aumento da inflação e pela alta do Dólar em relação ao Real, resultando numa desaceleração do setor aéreo”.