Uma das maiores companhias aéreas do país, a Gol Linhas Aéreas pode dar entrada em um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, o chamado “Capítulo 11”, segundo o jornal Folha de São Paulo.
A dívida da empresa é de cerca de R$ 20 bilhões e há esforços da cúpula de executivos para tentar chegar a acordos com seus credores a fim de evitar o pedido de concordata, afirmou a reportagem.
A notícia acabou surpreendendo o mercado e fazendo com que as ações da empresa caíssem até 13% em 15 de janeiro – no dia seguinte, os papeis da Gol recuperavam parte do seu valor.
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A despeito de ter evitado uma concordata durante a pandemia do coronavírus, a Gol tem tido dificuldades em alongar o prazo de suas dívidas, sobretudo com arrendadores de suas aeronaves.
A preferência por um processo no Tribunal de Falências dos Estado Unidos se explica pelo fato de a legislação brasileira ser menos previsível, além de não incluir dívidas de aluguel de aviões.
A LATAM e a Avianca seguiram esse caminho em meio à crise sanitária e conseguram equacionar seus débitos anos atrás.
Boeing atrasou entregas de 737 MAX
Dos R$ 20 bilhões em dívidas, cerca de R$ 3 bilhões vencem em até um ano, mas o caixa da Gol estaria debilitado para arcar com os compromissos após o processo de criação da ABRA, holding que passou a controlá-la.
O cenário é mais delicado justamente com os contratos de leasing, cujo mercado está aquecido e dificulta qualquer tipo de negociação para redução dos valores pagos.
Os dados operacionais da empresa até o terceiro trimestre de 2023 são, no entanto, bastante promissores, com receita operacional líquida em crescimento e produtividade também em elevação.
A situação poderia ser melhor caso a Boeing houvesse entregue os 15 novos jatos 737 MAX 8 esperados pela Gol.
A fabricante dos EUA entregou apenas seis das aeronaves previstas, cinco delas entre o final de novembro e meados de dezembro, portanto sem tempo hábil para terem algum impacto no consumo de combustível na malha da empresa.
Estreia em 2001 e expansão veloz
Fundada pelo empresário Nenê Constantino, que construiu um império no segmento de transporte rodoviário, a Gol estreou no mercado brasileiro em 2001 como uma empresa aérea de baixo custo e serviço mais simples que suas concorrentes.
Poucos anos depois, a companhia assumiu parte da VARIG, a mais famosa empresa aérea brasileira e que havia sido afetada justamente pela Gol e a TAM, mais eficientes.
Nos anos seguintes a empresa incorporou outros negócios como a companhia Webjet e passou a ter como sócios a Air France-KLM e a Delta Air Lines.
Com uma frota padronizada de jatos Boeing 737, a Gol mantém uma grande malha doméstica além de atender a vários destinos na América do Sul e também cidades no Caribe e na Flórida, EUA.
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Em meio à pandemia, a transportadora brasileira decidiu se unir à Avianca, da Colômbia, como parte da holding ABRA.
Por outro lado, com a entrada da Delta na sociedade da rival LATAM Airlines, a companhia aérea dos EUA vendeu suas ações na Gol, que se aproximou então da American Airlines.
Em comunicado, a Gol afirmou que “está em discussões com seus stakeholders financeiros sobre diversas opções que tragam maior flexibilidade financeira, incluindo capital adicional para financiar as operações”.