Aerolíneas Argentinas desiste de vender seus jatos Embraer

Companhia planejava trocar os modelos E190 da divisão Austral por aeronaves maiores e alugadas
A Austral é uma empresa subsidiária da Aerolineas Argentinas (Austral)
A Aerolíneas Argentinas opera 26 jatos E190, que foram herdados da extinta Austral (divulgação)
A Austral é uma empresa subsidiária da Aerolineas Argentinas (Austral)
Os E190 são operados pela Austral, divisão da Aerolíneas Argentinas (Austral)

Novo presidente da Aerolíneas Argentinas, Pablo Ceriani classificou como “loucura” o plano da gestão anterior de vender todos os jatos Embraer E190 da companhia e substituí-los por aeronaves maiores e alugadas.

Em entrevista ao jornal Pagina12, o mandatário da companhia aérea controlada pelo governo argentino revelou que o objetivo da nova direção agora é renovar a frota de jatos E190 pelo modelo de segunda geração E195-E2, que na sua visão é melhor “adaptado” ao mercado argentino.

“Isso é loucura (vender os E190), porque a frota de jatos Embraer é própria e uma parte importante dos ativos da empresa. É um orgulho, porque somos um dos maiores operadores da Embraer no mundo. É uma aeronave muito versátil que permite operações que não podem ser feitas por uma aeronave maior. Pelo contrário, o objetivo seria renovar a frota com a nova linha E195-E2, que se adapta ao mercado argentino. Não faz sentido mudar de uma frota própria para uma alugada. Eu acho que eles (a gestão anterior) queriam é ganhar dinheiro”, acusou Ceriani.

A Aerolíneas Argentinas possui atualmente 26 jatos E190, adquiridos a partir de 2010. As aeronaves são operadas pela subsidiária Austral Líneas Aéreas, que opera voos domésticos e trechos internacionais de curto alcance.

Mais críticas

O novo presidente da companhia ainda fez duras críticas a gestão anterior, que foi indicada pelo ex-presidente Mauricio Macri. Segundo Ceriani, a Aerolíneas Argerninas ficou “em uma situação de vulnerabilidade que não será fácil de reverter” e antecipou que “certamente” será necessária um aporte do governo na ordem de US$ 700 milhões para recuperar a empresa. “Eles (a gestão anterior) terminaram a administração com um deficit de US$ 563 milhões”, afirmou.

“Nós (em 2015) deixamos uma empresa com um patrimônio líquido de US$ 75,9 milhões e US$ 200 milhões em liquidez, e eles a deixaram com um patrimônio negativo de US$ 441,9 milhões e 24 rotas a menos”, disse Ceriani, que foi indicado ao cargo pelo novo presidente da Argentina, Alberto Fernández.

“Nestes quatro anos, houve uma forte descapitalização porque o objetivo deles era reduzir as contribuições do Estado e o fizeram financiando a empresa. Uma das coisas que não acontecia desde a época da Marsans (grupo espanhol que controlou a companhia no passado) e também começaram a canibalizar aviões”, acrescentou Ceriani.

O presidente da Aerolíneas Argentinas também acusou o governo de Mauricio Macri de usar a frota da empresa como um ativo para conseguir novos empréstimos. “Uma maneira é vender o avião e depois alugá-lo novamente. Dessa forma, novos fundos são obtidos, mas o ativo é reduzido. O outro é pedir empréstimos e oferecer o avião como garantia. Isso é o que ele mais fez”.

Ceriani também criticou o ex-ministro dos Transportes da Argentina, Guillhermo Dietrich, e afirmou que ele “procurava beneficiar empresas estrangeiras e de baixo e a desregulamentação do mercado”.

Com a mudança de comando na presidência da Argentina, políticas implementadas no mercado de aviação por Mauricio Macri, adepto ao liberalismo econômico, podem ser revogadas pelo novo governo de esquerda, que prefere o protecionismo.

Em meio a essa incerteza, a Norwegian Air Argentina, empresa low-cost que estreou em 2018 com grandes expectativas, decidiu sair do mercado argentino e acabou comprada pela concorrente Jetsmart.

A Flybondi, outra companhia argentina de baixo custo estabelecida durante a administração Macri, também pode sera afetada se o novo governo de Alberto Fernández retomar a maior regulamentação do setor. Nesse caso, o único beneficiado seria a Aerolíneas Argentinas…

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