Eleito novo presidente da Argentina no domingo (19), o ultraliberal Javier Milei já disse o que pretende fazer com a Aerolíneas Argentinas, estatal que é a maior empresa aérea do país.
Para o presidente eleito, o destino da empresa é ser privatizada, mas para ser propriedade dos seus funcionários que então decidiriam seu futuro em meio a um ambiente de “céus abertos”.
Para dar tempo para que os novos donos organizem a empresa, o governo ofereceria um suporte financeiro por 12 meses.
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A Aerolíneas Argentinas “possui pessoal altamente qualificado e unidades de negócios lucrativas. Você tem que deixar isso para os funcionários. Num contexto de maior concorrência, os próprios funcionários vão expulsar quem se dedica à política em vez de trabalhar,” afirmou Milei.
A ideia, no entanto, foi rejeitada inicialmente pelos sindicatos de seus empregados, que consideram que a Aerolíneas pode falir sem ter o governo como sócio.
Reprivatização
Fundada em 1949, a Aerolíneas Argentinas tornou-se estatal em 1979. Em 1990, no entanto, foi privatizada e assumida por um consórcio liderado pela espanhola Iberia, que se manteve na sociedade por 11 anos.
Após um período crítico em que esteve nas mãos do grupo Marsans, a companhia aérea foi nacionalizada em 2009 durante o governo da presidente Cristina Kichner.
Seu sucessor, Mauricio Macri, lançou um programa de desregulamentação na aviação que abriu espaço para a expansão do número de companhias aéreas e rotas – o movimento acabou tirando mercado da Aerolíneas.
Em 2019, o atual presidente Alberto Fernández tomou o caminho contrário, dificultando a atuação de empresas aéreas privadas e investindo na transportadora estatal.
Plano de adquirir jatos E195-E2
Durante os últimos meses de campanha eleitoral, a Aerolíneas anunciou planos de expandir e modernizar sua frota, que incluíram a encomenda de 12 jatos E195-E2 da Embraer.
A despeito do anúncio e de uma viagem ter sido feita por seus executivos ao Brasil para visitar a Embraer, o acordo não foi confirmado pela fabricante até o momento.
Segundo a mídia local, a Aerolíneas Argentinas possui quase 12.000 empregados, incluindo pessoal que pertencia à Austral Lineas Aéreas, companhia aérea que foi fundida com ela em 2020.
A Aerolíneas é uma sociedade anômima em que os funcionários detém apenas uma parcela ínfima das ações. O caminho para a privatização estaria desempedido por isso já que não é necessário aprovação da maioria do Congresso argentino para vendê-la.
A companhia aérea estatal possui uma frota de 84 aeronaves, que inclui 10 Airbus A330-200 para voos de longa distância, 48 Boeing 737, entre eles modelos MAX 8, e 26 Embraer E190.
Entre as rotas internacionais se destacam várias cidades brasileiras, Miami e Nova York, nos EUA, Havana, Madri e Roma.