Aerolíneas Argentinas e Austral iniciam processo de fusão

Companhias aéreas controladas pelo governo já operam em conjunto há 30 anos, mas mantinham estruturas separadas
Airbus A330-200 da Aerolíneas Argentinas
Airbus A330-200 da Aerolíneas Argentinas (Airbus)
Airbus A330-200 da Aerolíneas Argentinas (Airbus)

O governo argentino decidiu fundir as operações das companhias aéreas Aerolíneas Argentinas e Austral Lineas Aereas. O anúncio foi feito pelo CEO do grupo, Pablo Cerioni, nesta semana e deve ser concluído até o final do ano, assim que for aprovado pela assembléia de acionistas, algo meramente formal.

A crise global causada pela pandemia do COVID-19 foi apontada como justificativa para a medida. “A crise teve um impacto total no setor de aviação e não sabemos quanto tempo essa situação vai durar. Tudo indica que ainda há vários meses críticos pela frente, meses sem receita ou operações regulares; o que significa um tremendo impacto para nossa indústria e a economia em geral. Sem receita não sabemos por quanto tempo muitas companhias aéreas da região e do mundo sobreviverão“, explicou Cerioni em carta aos funcionários.

As duas empresas já operam em conjunto desde 1990 quando o grupo Cielos del Sur, então dono da Austral, foi vencedor no processo de privatização da Aerolíneas Argentinas. Após trocar de propriedade e quase falirem, as companhias aéreas foram reestatizadas em 2008 durante o governo Kichner, de linha nacionalista.

Apesar de exibirem um padrão de pintura semelhante, as duas companhias preservaram estruturas separadas e que agora serão reunidas. A administração da empresa também planeja criar duas novas unidades de negócios, uma voltada à manutenção e outra para carga.

“Serão feitos progressos na criação de uma unidade de negócios de carga, que aproveitará a experiência adquirida pela empresa em seus voos de carga para Xangai, uma vez que representa uma antiga dívida pendente da empresa em relação ao desenvolvimento de uma unidade específica para o transporte de mercadorias”, explicou o CEO.

Embora Cerioni não tenha afirmado categoricamente, a tendência é que a marca Austral seja suprimida no grupo.

Voos suspensos até setembro

A Aerolíneas Argentinas opera atualmente uma frota com 54 jatos, sendo 10 A330-200 para rotas de longa distância, e 44 Boeing 737 para voos locais, cinco dos quais do modelo Max e que estão aterrados há mais de um ano. Já a Austral possui uma frota exclusiva de 26 jatos E190, da Embraer, e que são uados sobretudo em rotas regionais.

Esses aviões tiveram sua retirada de serviço cogitada pela antiga administração, mas o novo presidente suspendeu o processo alegando que os jatos brasileiros eram ideais para a Austral.

O governo argentino proibiu os voos comerciais até setembro, uma medida extrema se comparada a de outras nações. A estratégia, no entanto, afeta sobretudo as companhias aéreas low-cost argentinas como a Flybondi e SmartJet que passam por sérias dificuldades e não têm o estado para suportá-las enquanto não podem voar.

A Austral é uma empresa subsidiária da Aerolineas Argentinas (Austral)
A Austral opera uma frota de 26 jatos E190 da Embraer (Austral)

Veja também: Simulação mostra como o coronavírus se espalha na cabine do avião

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