Imaginem Congonhas, em São Paulo, ou o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com suas pistas ampliadas o suficiente para receber widebodies. E então descobrir que será possível voar para os Estados Unidos a partir desses aeroportos centrais.
Pois é isso que a Aerolíneas Argentinas fará a partir de 7 agosto utilizando o Aeroporto Jorge Newbery/Aeroparque, na área central de Buenos Aires, para levar seus passageiros para Miami e Nova York.
A companhia aérea estatal confirmou nesta quinta-feira (1) que usará os widebodies Airbus A330-200 para voar quatro vezes por semana para Miami e três vezes para Nova York.
“Em um evento histórico para a aviação argentina, a partir de agosto operaremos nossas aeronaves Airbus A330 do Aeroparque para rotas internacionais e domésticas. Uma melhoria em nosso produto para voos com os EUA que nos permitirá melhorar a competitividade de nossa empresa”, celebrou Pablo Ceriani, CEO da Aerolíneas.
Siga o AIRWAY nas redes: Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter
Levar à frente uma ideia como essa é possível na Argentina porque o governo atual é dono da Aerolíneas enquanto a Aeroportos Argentina 2000 (AA2000), uma empresa privada, também opera tanto o Aeroparque quanto o Ezeiza, em Buenos Aires. Uma situação que causaria mais polêmica no Brasil se fosse implantada no Rio de Janeiro, por exemplo, que vê o Galeão (nas mãos da privada RioGaleão) esvaziado pelo pequeno Santos Dumont (administrado pela estatal Infraero).
Para mudar o perfil do Aeroparque, a Aeroportos Argentinos 2000 investiu na ampliação da pista do aeroporto, que foi alargada e passou a ter 2.690 de comprimento, quase 600 metros a mais do que antes.
Além disso, houve mudanças no sistema de balizamento e ampliação do terminal de passageiros internacional para comportar jatos widebodies. A área do aeroporto ajudou já que havia espaço para realizar as alterações sem grande impacto na cidade.
American Airlines vai se dar mal
O Aeroporto Jorge Newbery está localizado a menos de 6 km da região central de Buenos Aires, uma enorme vantagem para os passageiros se comparado ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, distante mais de 27 km da capital.
Originalmente, o aeroporto central era usado para voos domésticos, mas com o aumento dos voos internacionais dentro do continente passou a atender vários destinos na América do Sul.
Curiosamente, enquanto investiu no Aeroparque para operar voos de longo curso com aeronaves de grande porte, a AA2000 também segue expandindo Ezeiza.
Com os inéditos voos a partir de Aeroparque, a Aerolíneas Argentinas pode desfrutar momentaneamente de uma vantagem incomparável frente a American Airlines, que voa para Buenos Aires a partir de Miami e Nova York mas por enquanto apenas no distante Ezeiza.
Resta saber se alguma empresa aérea dos EUA poderá pedir o direito à reciprocidade para também utilizar o aeroporto central.
Nota do editor: O texto chamou erroneamente a empresa Aeroportos Argentina 2000 como uma estatal quando se trata de uma concessionária privada. Pedimos desculpas aos leitores.