Há 15 anos estreava no Canadá a aeronave comercial que se tornaria a mais bem sucedida da Embraer em seu meio século de existência. O jato E175 entregue à Air Canada iniciava uma carreira cujo grande destaque ocorreria no país vizinho, os EUA, onde o modelo tornou-se o mais popular avião regional do mercado.
Segundo a Embraer, foi no dia 19 de julho que a companhia aérea canadense iniciou a operação do E175 prefixo C-FEIQ e que continua voando pela Air Canada Express. Com 1,78 m a mais de comprimento que o E170, a aeronave podia transportar 78 passageiros em duas classes e voar mais de 3.700 km sem reabastecimento.
Passaram-se dois anos entre o voo inaugural, em junho de 2003, e a estreia na Air Canada, mas não foi logo de início que o E175 tornou-se o modelo favorito das companhias aéreas. A variante nem foi pensada logo no lançamento da família E-Jet, que tinha no E170 e no E190 seus protagonistas. Mas por atender à cláusula de escopo estipulada entre os sindicatos de pilotos e as companhias aéreas dos EUA, o avião passou a ser o modelo mais vantajoso disponível.
Seu concorrente direto, o CRJ, oferecia menos espaço interno e alcance, mesmo tendo uma carga paga máxima semelhante. A fuselagem da família E175 permitia a mesma fileira com configuração de assentos 2+2 do jato canadense, porém, sua seção transversal era bem mais generosa (2,74 m comparada a 2,55 m) e altura 11 cm maior, chegando a 2 metros.
O resultado dessa combinação fez do E175 um sucesso sem igual na fabricante brasileira. Até junho, a Embraer possuía 798 pedidos firmes pelo modelo, além de 291 opções de compra. É mais do que as séries CRJ700, CRJ900 e CRJ1000 somadas. Já as entregas apenas do E175 totalizavam 639 unidades contra 845 de todos os jatos ex-Bombardier.
Sem concorrência
Tamanha popularidade tornou o E175 a versão mais vendida da família E-Jet, superando o E190 há alguns anos, situação que deve persistir por mais tempo por conta de alguns fatores inesperados. O primeiro deles é que o CRJ deixará de ser produzido, agora que pertence à Mitsubishi, o segundo é que a própria fabricante japonesa decidiu não lançar o M100, um jato regional que oferecia um desempenho superior ao do avião brasileiro.
Mas é a cláusula de escopo que continua a fazer do E175-E1 o favorito das companhias dos EUA. Como as regras não foram afrouxadas para permitir aviões maiores, o modelo não tem concorrentes, nem mesmo a nova geração E175-E2, que não atende a esses requisitos por ser maior e mais pesada – embora mais eficiente.
É um panorama surreal para a Embraer, que não possui nenhum cliente para o novo E175-E2 até o momento, mas 163 aeronaves da primeira geração para serem entregues nos próximos anos. Ao menos é um problema caseiro para a empresa.
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