Congonhas vai ganhar área de escape que “agarra” aviões

Pista principal do aeroporto paulistano vai adotar a tecnologia EMAS, pavimentos que se deformam quando uma aeronave ultrapassa o limite final da pista
Trem de pouso "atolado" no pavimento EMAS (Runwaysafe)
Trem de pouso “atolado” no pavimento EMAS (Runwaysafe)

Aeroporto mais movimentado do Brasil, o terminal de Congonhas em São Paulo (SP) será o primeiro da América Latina a adotar a tecnologia EMAS (Engineered Material Arresting System), que cria uma nova área de escape com blocos de concreto que se deformam quando uma aeronave ultrapassa o limite final da pista, informou hoje a Infraero.

O EMAS é adotado em aeroportos da Europa, Ásia e Estados Unidos. O sistema começou a ser desenvolvida na década de 1990, por meio de pesquisas do Federal Aviation Administration (FAA), a agência de aviação civil dos EUA.

Em Congonhas, o pavimento deformável será aplicado nas cabeceiras da pista principal – uma de 70 m x 45 na cabeceira 17R; e outra de 75 m x 45 m na cabeceira 35L. As estruturas serão sustentadas por vigas e pilares capazes de suportar o peso das aeronaves e veículos. De acordo com a Infraero, a obra de atualização é orçada em R$ 122,5 milhões e será executada em 16 meses.

Segundo a administradora, a aplicação do EMAS aumenta a segurança operacional em aeroportos com limitações de espaço. Ele ajuda a desacelerar aeronaves que ultrapassam o final da pista por meio do esmagamento dos blocos de concreto. De uma forma simplificada, é um piso projetado para “agarrar” o trem de pouso do avião durante uma excursão de pista.

Pista de pouso com área de escape EMAS (Aulick Engineering)
Pista de pouso com área de escape EMAS (Aulick Engineering)

“A profundidade do EMAS aumenta quanto mais se avança pela área coberta, fornecendo um arrasto maior, trazendo ainda mais segurança para um aeroporto estratégico para a aviação do País”, explica o presidente da Infraero, Brigadeiro Paes de Barros.

Infográfico da Infraero sobre a aplicação do sistema EMAS no Aeroporto de Congonhas (Infraero)
Infográfico da Infraero sobre a aplicação do sistema EMAS no Aeroporto de Congonhas (Infraero)

No aeroporto em São Paulo, a nova área de escape foi dimensionada para desacelerar aeronaves em procedimento de pouso que vierem a passar dos limites da pista, acrescenta a Infraero. O projeto prevê ainda obras complementares nas pistas de taxiamento nas regiões próximas aos EMAS.

Planejamento

Para instalar o EMAS no Aeroporto de Congonhas, a Infraero integrou um grupo de trabalho com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para estudar e criar critérios do projeto, instalação e manutenção de sistemas de desaceleração de aeronaves.

“Essa etapa foi necessária porque o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) 154, que estabelece as regras a serem adotadas no projeto de aeródromos, não apresenta requisitos detalhados para implementação do EMAS. Por isso, foram adotadas as premissas utilizadas nos Estados Unidos para criar um modelo específico para Congonhas, que levou em conta o espaço disponível no aeroporto”, explica o superintendente de Engenharia da Infraero, Giuliano Capucho.

O projeto também contou com a contribuição de técnicos da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e do Ministério da Infraestrutura.

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