Mesmo sem uma previsão de retorno à operação após o aterramento imposto pelas autoridades de aviação, o 737 MAX voltou a ser produzido pela Boeing. A fabricante confirmou nesta quarta-feira, 27, que a unidade de Renton retomou a montagem da aeronave em um “ritmo lento”.
“Estamos em uma jornada contínua para evoluir nosso sistema de produção e torná-lo ainda mais forte”, afirmou Walt Odisho, vice-presidente e gerente geral do programa 737. “Essas iniciativas são o próximo passo na criação do ambiente de fabricação ideal para o 737 MAX”.
Anteriormente, a Boeing havia dito que o ritmo de produção mensal deverá atingir 31 aeronaves até 2021. É um recuo em relação ao volume antes da paralisação, em janeiro, quando 42 jatos eram produzidos, e bem distante de antigas metas pré-acidentes, quando a fabricante planejava produzir de 57 a 63 jatos por mês.
Quando decidiu suspender a montagem do 737 Max no início deste ano, a Boeing já acumulava mais de 400 aeronaves prontas e sofria com a falta de espaço para armazená-los. Nesse hiato, a empresa afirmou que aprimorou seu processo de produção. Segundo ela, “mecânicos e engenheiros colaboraram para refinar e padronizar os esquemas de trabalho em cada posto da fábrica. Novos processos de montagem também garantirão que os funcionários tenham tudo o que precisam ao alcance da mão para construir o avião”.
Para reverter a má impressão causada pelas falhas graves no projeto do 737 MAX, a Boeing tem reforçado a mensagem de que está buscando atingir altos níveis de qualidade e confiabilidade em seus processos. Por outro lado, a empresa está iniciando um grande processo de demissões causadas pela crise do coronavírus. Cerca de 13.000 empregos deverão ser cortados nas próximas semanas, 5.520 deles por iniciativa dos próprios empregados.
Horizonte ainda nebuloso
A retomada da produção, que havia sido antecipada pela Boeing, causa um certo temor pelo fato de que a previsão de retorno do 737 MAX ao serviço ainda não está clara. As informações mais recentes indicam que isso pode ocorrer apenas em agosto. A FAA, a agência de aviação civil dos EUA, que lidera a recertificação do modelo, tem analisado as melhorias e correções introduzidas pela fabricante e requisitado algumas mudanças nas últimas semanas.
Ao mesmo tempo em que tenta sair dessa situação embaraçosa, a Boeing continua a perder encomendas do 737 MAX. Nesta semana, a Air Canada cancelou 11 pedidos do modelo.
Veja também: Produção do Boeing 747 pode estar com os dias contados