A carreira do Airbus A380 na frota da Air France está terminada. Abalada pela crise do coronavírus, a companhia aérea de bandeira da França anunciou nesta quarta-feira, 20, a retirada definitiva de seus nove “superjumbos” restantes. Antes da pandemia, a empresa já pretendia aposentar todos os modelos do tipo até 2022, decisão que acabou antecipada diante do contexto econômico atual.
Em comunicado à imprensa, o grupo Air France-KLM afirma que a retirada imediata dos A380 tornará a frota da companhia francesa mais competitiva, “continuando sua transformação com aeronaves mais modernas e de alto desempenho com uma redução significativa do impacto ecológico”. Em seu auge, a Air France teve 10 exemplares do maior avião passageiros da história – um modelo foi devolvido em fevereiro deste ano e encaminhado para o desmonte.
Cinco das aeronaves A380 são propriedade da Air France, enquanto quatro aparelhos são alugados pela empresa de leasing Dr. Peters. Segundo a companhia, o custo para a retirada das aeronaves é estimado em 500 milhões de euros e será contabilizado no segundo trimestre de 2020 como “custos/despesas não correntes”.
A Air France é a segunda companhia aérea que anuncia a retirada dos 380 durante a pandemia. Em abril, a Lufthansa confirmou a aposentadoria de seis aeronaves da frota, mantendo apenas dois exemplares.
Praticamente sem chances no mercado de segunda mão e considerado inviável como cargueiros, o destino dos A380 da Air France (e futuramente mais unidades de outros operadores) é virar sucata.
A380 com os dias contados?
Com a aviação comercial enfrentando uma crise sem precedentes, o A380 se tornou um avião inviável. O futuro do quadrimotor da Airbus vinha sendo questionado antes mesmo da pandemia devido ao altíssimo custo operacional da aeronave, estimado em cerca de US$ 30 mil por hora de voo. É um avião que precisa operar sempre com grande ocupação de passageiros, caso contrário o prejuízo é certo. Esse problema também compromete a carreira do Boeing 747.
Sem conseguir mais clientes para o A380, a Airbus decidiu no ano passado que encerraria a produção do modelo em 2021, prazo que pode ser antecipado diante da crise atual. A fabricante ainda tem nove exemplares do avião gigante encomendadas (oito unidades da Emirates Airlines e um da All Nippon Airways).
Até dezembro de 2019, a Airbus entregou 242 unidades da aeronave de dois andares, um volume muito inferior a expectativa da fabricante quando iniciou o programa A380, formalizado no ano 2000. Nesse tempo, o grupo europeu acreditava que poderia vender mais de 1.000 exemplares do avião, mas a demora em concluir o projeto e as mudanças ocorridas na economia mundial mudaram radicalmente esse panorama. Quando o jato finalmente chegou ao mercado, em 2007, já era tarde demais.
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