A Air France confirmou que vai realizar nesta próxima sexta-feira, 26 de junho, o seu voo de despedida do Airbus A380. Abalada pela crise no setor aéreo causada pela pandemia do novo coronavírus, a companhia francesa decidiu adiantar a aposentadoria de seus “Superjumbos”.
A viagem derradeira do A380 com a empresa não terá passageiros pagos, mas receberá convidados especiais e o CEO do grupo Air France-KLM, Ben Smith, e a CEO da Air France, Anne Rigail.
O A380 encarregado pelo voo final com a Air France, o AF380, será o modelo com matrícula F-HPJH, uma aeronave fabricada pela Airbus em 2012 e com 516 assentos divididos em três classes.
A decolagem do avião a partir do aeroporto Paris – Charles de Gaulle está marcada para às 15h30. O A380 fará um voo de duas horas pelo espaço aéreo da França, incluindo uma passagem em baixa altitude por Paris, antes de retornar ao mesmo ponto de origem, às 17h45.
A Air France foi a primeira companhia aérea da Europa a voar com o A380. A empresa recebeu um total de 10 aeronaves entre 2009 e 2014.
A aposentadoria dos A380 já estava nos planos da Air France mesmo antes da pandemia. Em 2019, a companhia havia informado que desativaria todos os seus 10 aparelhos até 2022, sendo que quatro modelos deveriam ser dispensados da frota neste ano.
A380 com os dias contados?
Com a aviação comercial enfrentando uma crise sem precedentes, o A380 se tornou um avião inviável. O futuro do quadrimotor da Airbus vinha sendo questionado antes mesmo da pandemia devido ao seu altíssimo custo operacional, estimado em cerca de US$ 30 mil por hora de voo. É um avião que precisa operar sempre com grande ocupação de passageiros, caso contrário o prejuízo é certo. Esse problema também compromete a carreira do Boeing 747.
Sem conseguir mais clientes para o A380, a Airbus decidiu no ano passado que encerraria a produção do modelo em 2021, prazo que pode ser antecipado diante da crise atual. A fabricante ainda tem nove exemplares do avião gigante encomendadas (oito unidades da Emirates Airlines e um da All Nippon Airways).
Até dezembro de 2019, a Airbus entregou 242 unidades da aeronave de dois andares, um volume muito inferior a expectativa da fabricante quando iniciou o programa A380, formalizado no ano 2000. Nesse tempo, o grupo europeu acreditava que poderia vender mais de 1.000 exemplares do avião, mas a demora em concluir o projeto e as mudanças ocorridas na economia mundial alteraram radicalmente esse panorama. Quando o jato finalmente chegou ao mercado, em 2007, já era tarde demais.
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