A companhia aérea Air France realizou nesta sexta-feira, 26 de junho, seu último voo com um Airbus A380 transportando passageiros. A partir desta data, o maior avião de passageiros do mundo não faz mais parte da frota operacional da empresa francesa.
A viagem final da aeronave com as cores da Air France partiu do aeroporto Paris – Charles de Gaulle às 15h57 (horário de Paris) e seguiu em direção ao sul da França, até Montpellier, e retornou ao ponto de origem às 18h18. O voo foi aberto a 500 convidados e funcionários da companhia, a maioria tripulantes que trabalharam no A380 durante seu período de atividade. O CEO do grupo Air France-KLM, Ben Smith, e a CEO da empresa francesa, Anne Rigail, também marcaram presença.
O A380 encarregado pelo voo de despedida foi o modelo com matrícula F-HPJH, uma aeronave fabricada pela Airbus em 2012 e com 515 assentos divididos em três classes. A Air France foi a primeira companhia aérea da Europa a voar com o A380. A empresa recebeu um total de 10 aeronaves entre 2009 e 2014.
A crise mundial no setor aéreo causada pela pandemia do novo coronavírus forçou a companhia francesa a acelerar o plano de aposentaria do A380. Em 2019, a Air France havia informado que desativaria todos os seus 10 aparelhos até 2022, sendo que quatro modelos deveriam ser dispensados da frota neste ano – o primeiro foi desativado no final de 2019, antes da pandemia.
De retour à #ParisCDG, le vol #AirFrance #AF380 est accueilli et salué par les pompiers de @ParisAeroport pour lui rendre hommage.
Back at #ParisCDG, flight #AirFrance #AF380 is welcomed and greeted by @ParisAeroport firefighters as a tribute. pic.twitter.com/HBbGs0BPAu
— Air France Newsroom (@AFnewsroom) June 26, 2020
Segundo a companhia, o custo para a retirada das aeronaves é estimado em 500 milhões de euros e será contabilizado no segundo trimestre de 2020 como “custos/despesas não correntes”. Dos nove jatos que ainda restam na frota da Air France, cinco são de sua propriedade e outros quatro modelos são alugados pela empresa de leasing Dr. Peters.
A Air France é a segunda companhia aérea que desativa o A380. Antes dela a Singapore Airlines já havia devolvido outras quatro aeronaves que também pertenciam à empresa de leasing Dr. Peters. Um desses aviões já foi completamente desmontando e um segundo modelo será submetido ao mesmo processo.
Fim de carreira precoce
Apesar de sua incomum capacidade de passageiros e atração nos aeroportos onde opera, o A380 vem sendo condenado por suas dificuldades operacionais, altos custo (em torno de US$ 30.000 por hora de voo) e o surgimento de jatos menores e mais eficientes, casos do Boeing 787 e o Airbus A350. Com a pandemia liquidando a demanda por transporte aéreo, a carreira do avião gigante da Airbus ficou ainda mais comprometida.
Além da Air France, outras transportadoras que também planejam aposentar parte de seus A380 nos próximos anos são a Lufthansa e a Qatar Airways.
No ano passado, a Airbus anunciou que o programa A380 será encerrado em 2021. A decisão foi tomada após a Emirates Airline, maior operador da série com mais de 100 aeronaves, cancelar 39 pedidos restantes pelo Superjumbo. A fabricante europeia ainda tem 10 encomendas pela aeronave, nove para Emirates e um para a All Nippon Airways.
Praticamente sem chances no mercado de segunda mão e considerado inviável como cargueiros, o destino dos A380 da Air France (e futuramente mais unidades de outros operadores) é virar sucata.
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