A companhia regional Air Nostrum, da Espanha, deverá iniciar voos domésticos no Brasil no segundo semestre deste ano. A previsão foi feita pela ANAC, a agência de aviação civil do país nesta quinta-feira, 6. Sediada em Valência, a Air Nostrum foi fundada em 1994 e desde 1997 opera como uma franquia da Iberia, exibindo a pintura da maior companhia aérea espanhola em seus aviões. Com uma frota de 50 aeronaves, a companhia regional possui como principal modelo o jato canadense CRJ além de uma dezena de turboélices ATR. A companhia é afiliada à aliança Oneworld.
No entanto, a agência de aviação brasileira não detalhou a informação. Em seu curto comunicado, a ANAC apenas revelou que executivos da Air Nostrum estiveram reunidos com a agência e que após receber autorização para voar no Brasil, a nova empresa adotará outro nome e focará sua atuação no mercado regional.
Desregulamentação
O governo brasileiro decidiu abrir o mercado de aviação do país para grupos estrangeiros desde o ano passado. Até então, não era possível ter controle de companhias aéreas no Brasil, mas uma lei aprovada pelo Congresso alterou essa condição e agora é possível que empresas estrangeiras possam abrir filiais sem necessidade de sócios brasileiros.
No entanto, o movimento de abertura ainda não surtiu efeito. Apesar do interesse de alguns grupos, como a também espanhola Air Europa, nenhuma nova companhia aérea iniciou voos no país. A Globalia, o grupo que era dono da companhia aérea até vendê-la para o IAG (holding que controla a Iberia e British Airways, entre outras) chegou a anunciar a abertura de uma empresa no Brasil, mas desde então não houve avanço conhecido dessa iniciativa.
Outras empresas têm admitido interesse em voar internamente no Brasil, porém, a burocracia e os custos elevados de impostos parecem dificultar qualquer projeto, a despeito do esforço do governo. A aviação comercial no país tem vivido um momento oposto, com a fusão e a compra de empresas menores. No ano passado, as regionais Passaredo e MAP se fundiram formando a VoePass enquanto a pequena TwoFlex, que explorava rotas de baixa demanda com seus turboélices Caravan em parceria com a Gol, acabou vendida para a Azul no começo deste ano.
O mercado brasileiro ainda viu a Avianca, quarta maior companhia aérea do país, desaparecer no primeiro semestre de 2019, tragada por dívidas bilionárias. Como se vê, abrir companhia aérea no Brasil não é apenas uma questão de capital estrangeiro.
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