Não chega a ser um evento histórico, mas é um fato no mínimo curioso. A Airbus confirmou nesta terça-feira (12) a entrega do 220° exemplar do A220. O jato, um modelo na versão A220-300, foi recebido pela companhia aérea JetBlue, dos Estados Unidos, que é o maior cliente da aeronave com 100 unidades encomendadas.
Além da marca simbólica, a entrega do 220° A220 aconteceu próximo da data em que o jato da Airbus completa seis anos no mercado. A aeronave fez seu primeiro voo comercial em 15 de julho de 2016 com a Swiss International Air Lines. Nesse tempo, o avião ainda era um produto da Bombardier, que o chamava de CSeries.
Passados seis anos de serviço, o A220 é hoje um dos jatos mais pedidos na categoria entre 100 e 150 assentos, com mais de 760 unidades encomendadas. Mas isso quase não aconteceu.
Fruto de um longo e oneroso programa de desenvolvimento, o CSeries quase causou a derrocada da Bombardier, que gastou mais de US$ 6 bilhões no projeto – incluindo subsídios do governo do Canadá, o que levou outros fabricantes a protestarem na OMC contra a concorrência desleal.
Quando o avião finalmente ficou pronto, a fabricante canadense não tinha mais fôlego financeiro para continuar o programa. Foi quando a Airbus, em 2018, assumiu o comando do programa CSeries e o rebatizou como A220. Até a conclusão da transferência, em 1 de julho de 2018, a Bombardier entregou 36 modelos CSeries para três companhias aéreas.
A passagem do A220 para a Airbus deu credibilidade ao programa, que desde então passou a atrair importantes clientes, incluindo Air Canada, Air France, Delta Air Lines e JetBlue. O grupo aeroespacial europeu também injetou recursos para aumentar a produção da aeronave, nas fábricas em Mirabel, no Canadá, e Mobile, nos EUA, que finalizam em média sete jatos por mês – número que deve dobrar até o fim desta década, segundo projeções da Airbus.
De acordo com a fabricante, em seis anos a frota de A220 transportou cerca de 60 milhões de passageiros em mais de 700 rotas operadas por 15 companhias aéreas. E isso tudo com 220 aviões, uma marca que deve durar somente alguns dias dado o grande volume na carteira de pedidos e o interesse do mercado pelo menor jato da Airbus.
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