A Airbus anunciou na última semana que está “considerando novas aplicações” para o jato de nova geração A320neo, introduzido na aviação comercial em 2016. Segundo o grupo europeu, a aeronave é uma “plataforma altamante capaz e econômica” para uma longa lista de missões. Para ocupar todas essas lacunas, a fabricante sugeriu quatro variantes militares do modelo, que a empresa chamou de série A320M3A.
O primeiro modelo é o A320M3 VIP, de transporte oficial. A Airbus não se aprofundou em maiores detalhes sobre a versão, mas aviões desse tipo normalmente transportam presidentes e autoridades de governos. Além de poderem realizar longos voos (pois transportam mais combustível), jatos de transporte presidencial também podem ser equipados com equipamentos avançados de comunicação e sistema de auto-defesa contra mísseis.
A série A320M3A segue com a versão A320 M3 SIGINT, para missões de inteligência em operações de espionagem. Outro modelo sugerido pela Airbus é o A320M3 AEW&C, sigla em inglês para Plataforma aérea de alerta antecipado e controle aéreo, os populares “aviões-radares”. Aeronaves como essa são projetadas para encontrar ameaças aéreas a longas distâncias e coordenar as equipes em solo e no ar sobre os alvos.
A versão mais destacada pela Airbus é o A320M3 MPA, de patrulha marítima e guerra anti-submarino. O modelo é o que mais exigiria alterações modificações na aeronave, como a abertura de um espaço na fuselagem para um porão de torpedos e a instalação de diversos sensores e câmeras, sem falar de um “MAD”, um detector de anomalias magnéticas. O equipamento é uma haste montada na traseira da cauda do avião projetada para encontrar a posição de submarinos (a “anomalia magnética”) no oceano.
Novos aviões de patrulha marítima são uma das grandes necessidades militares de nações na Europa e membros da OTAN, algumas ainda voando com o antigo Lockheed Martin P-3 Orion, baseado no clássico Electra da aviação comercial. A Força Aérea Brasileira (FAB) também é um operador do Orion.
A Airbus diz que a série A320M3A, caso seja criada, pode se beneficiar por ser baseada em uma família de aeronaves amadurecidas e com uma alta taxa de produção – a Airbus entrega quase 50 jatos A320 por mês.
A criação de versões militares para o A320 já havia sido comentada por Fernando Alonso, diretor da Airbus Defende & Space, no início deste ano. Na ocasião, o executivo disse que a fabricante planejava expandir a linha de aeronaves militares baseadas em jatos comerciais atuais, citando o caso do A330 MRTT, versão de transporte militar e reabastecimento aéreo do tradicional A330.
Para a “consideração” sobre a criação do A320M3A se transformar em um novo produto, a Airbus precisa de clientes para levar o projeto adiante. E concorrência não falta: a Boeing oferece uma versão de patrulha marítima e guerra anti-submarina do 737-800, o P-8 Poseidon. O jato militar norte-americano, um dos 10 aviões mais caros do mundo, é operado pelas forças armadas da Austrália, Índia, Noruega e Estados Unidos.
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