Assim como era cogitado no mercado recentemente, a Bombardier decidiu vender sua parcela no programa do jato comercial A220, antigo C Series, para a Airbus, conforme anúncio conjunto nesta quinta-feira, 13. A fabricante europeia passará a ter 75% de participação na aeronave A220, enquanto o restante ficará de posse do governo da Província do Quebec, no Canadá, e que com isso pretende preservar 3.300 empregos no país.
Pela sua participação, a Bombardier receberá US$ 591 milhões (quase R$ 2,6 bilhões), 90% deles de forma imediata e o restante até 2021. A parcela do governo de Quebec, no entanto, também poderá ser adquirida pela Airbus a partir de 2026.
“Este acordo com a Bombardier e o governo de Quebec demonstra nosso apoio e compromisso com o A220 e a Airbus no Canadá. É uma boa notícia para nossos clientes e funcionários, bem como para a indústria aeroespacial canadense e de Quebec”, disse o CEO da Airbus, Guillaume Faury.
“Tenho orgulho de que nosso governo tenha conseguido chegar a esse acordo. Conseguimos proteger os empregos e a experiência excepcional desenvolvida em Quebec, apesar dos grandes desafios que enfrentamos nesse sentido quando assumimos o cargo”, afirmou o primeiro-ministro de Quebec, François Legault.
“Esta transação apoia nossos esforços para reestruturar nosso negócio e completa nossa saída estratégica da indústria aeroespacial comercial”, disse Alain Bellemare, presidente e CEO da Bombardier. “Estamos incrivelmente orgulhosos das muitas realizações e do tremendo impacto que a Bombardier teve na aviação comercial e seguimos confiantes de que o programa A220 terá uma longa e bem-sucedida carreira sob a administração da Airbus e do governo de Quebec”.
A Airbus também assumiu o trabalho de produção de componentes do A220 e do A330 que eram de responsabilidade da Bombardier na unidade de Saint-Laurent. A fabricante criou uma nova subsidiária, a Stelia Aeronautique Saint Laurent, que continuará produzindo o cockpit e a seção traseira do A220 até 2023 quando esse trabalho será transferido para Mirabel, principal linha de montagem do jato.
Divisão de jatos executivos
Após um longo desenvolvimento, a Bombardier não conseguiu ter fôlego financeiro para bancar a venda do C Series e acabou buscando a ajuda da Airbus para viabilizar sua produção e comercialização em 2018 quando a gigante europeia adquiriu a maior parte do programa pelo valor simbólico de um dólar canadense. Desde então, as vendas cresceram assim como a produção, que passou a ser feita também nos EUA.
Pelo acordo original, a Bombardier deveria seguir investindo no projeto, mas as dívidas impediram qualquer intenção de seguir ligado a ele. A família A220 (com as versões -100 e -300) é concorrente dos E2 da Embraer e tem levado vantagem no mercado por enquanto.
O anúncio ocorre no mesmo dia em que a Bombardier divulgará os resultados de 2019. Com uma dívida de cerca de US$ 9 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões), o grupo canadense tem se desfeito de várias divisões e existe a expectativa de que agora será a vez dos jatos executivos Global, Challenger e Learjet serem repassados para outra empresa – a Textron é a mais provável compradora.
Apesar disso, rumores indicam que a Bombardier pode optar por vender sua divisão ferroviária em vez de sair completamente do setor aeroespacial.
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