Quando foi apresentado em 1992, o A330 era um mero coadjuvante do quadrimotor A340, então uma aposta da Airbus para disputar mercado com a Boeing e a McDonnell Douglas nos voos de longa distância. Quase 30 anos depois, no entanto, o birreator não só viu seu “irmão” fracassar com apenas 377 unidades fabricadas como acaba de chegar à 1.501ª aeronave entregue até setembro. A Airbus somente celebrou o fato nesta segunda-feira, 12, ao destacar que a aeronave número 1.500 havia sido entregue à Delta Air Lines em 21 de setembro.
Na faixa de assentos onde atua, o A330 é realmente um fenômeno. Mesmo tendo surgido bem depois do Boeing 767 (e que era a seu tempo rival do A300), o widebody acumulou muitos pedidos, sobretudo depois de ganhar uma variante menor, o A330-200, que quase dobrou a demanda da aeronave e foi usada pela TAM e Avianca no passado e hoje está na frota da Azul.
O resultado é que hoje a família A330, e que inclui o modelo Neo, já acumula 1.818 pedidos, ou 42% mais que as 1.279 encomendas do 767 civil.
Boeing 777 lidera
O modelo da Airbus só fica atrás de outro birreator, o Boeing 777, dono de mais de 2 mil pedidos (incluindo o 777X) e que já teve mais de 1.640 unidades enviadas a seus clientes – e vale ressaltar que o ‘triple seven’ é mais novo que o A330.
Os números absolutos, no entanto, escondem algumas nuances desse mercado. Embora as famílias de widebodies nem sempre sejam concorrentes diretas em alguns nichos, fato é que a estratégia de Boeing e Airbus acabou produzindo distorções nesse cenário.
A Boeing, por exemplo, lançou o 787 Dreamliner como sucessor do 767 e com isso praticamente encerrou sua carreira no transporte de passageiros – hoje o jato mantém apenas pedidos da versão de carga ou militar.
Widebodies em baixa
A Airbus, por sua vez, foi pioneira nesse mercado com o A300 e seu irmão menor, o A310, que acumularam 816 unidades fabricadas, mas que atuaram numa faixa de capacidade pequena para os padrões atuais.
Anos atrás, a fabricante europeia também resolveu competir num patamar mais alto de capacidade ao lançar o A350 e que disputa espaço tanto com os maiores 787 como o 777. Embora avançado, o avião ainda possui um número pequeno de unidades entregues (379), mas o maior ‘backlog’ atual, com 551 jatos, pouco mais que o 787 (526).
Ou seja, na soma de todos os widebodies bimotores, a Boeing ainda sobra com quase 4,8 mil pedidos contra 3.564 da Airbus. Ao menos na lista de aeronaves a serem entregues as duas fabricantes estão mais próximas. Isso, claro, se o mercado não voltar a enxergar valor nesses imensos aviões, hoje colocados de escanteio por muitas empresas diante dos reflexos da pandemia.
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