A Airbus concluiu na sexta-feira (20) a aquisição de 15,51% das ações da fabricante de helicópteros Helibras que pertenciam à Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge). O negócio foi fechado por R$ 95 milhões.
A transação marcou o fim da participação do Governo de Minas Gerais na Helibras, agora controlada pela Airbus Helicopters. A divisão de helicópteros da Airbus já era acionista de longa data da empresa de Itajubá.
Governador de Minas Gerais, Romeu Zema declarou à Agência Minas que a Helibras continua sendo importante para o Estado, a despeito da saída do controle acionário. “Helibras é uma empresa que trabalha com um alto nível de tecnologia e entrega um produto de elevado valor agregado. Daí a importância para o desenvolvimento econômico do estado.”
A venda da participação na Helibras era prevista no Programa de Gestão de Portfólio da Codemge, lançado pela gestão Zema em 2021. O plano “reavalia a carteira de ativos da companhia, visando maior eficiência, economicidade e retorno para Minas Gerais”, diz a empresa pública.
“Não é papel do governo ser fabricante de helicópteros”
Para o diretor-presidente da Codemge, Thiago Toscano, com a Airbus assumindo o controle da Helibras o governo de MG pode focar em outras ações. “Entendemos que não é papel do governo ser fabricante de helicópteros. Seria melhor a Airbus fazer a gestão sozinha e o Governo de Minas alocar esforços onde o governo deve prestar serviço público de qualidade.”
Única fabricante de helicópteros civis e militares da América Latina, a Helibras é o principal fornecedor de aeronaves de asas rotativas das forças armadas brasileiras e tem forte presença mercado nacional. De acordo com o presidente da Airbus no Brasil, Gilberto Peralta, a mudança no corpo acionário não altera a dinâmica da empresa.
“Não sairemos do estado. Itajubá tem uma grande contribuição nos negócios, como a formação de mão de obra especializada, segurança e na formação do Arranjo Produtivo Local de Asas Rotativas e de Defesa”, disse Peralta à agência mineira.
O Ministério da Defesa do Brasil tem contratos em curso com a Helibras. A empresa de MG produz os helicópteros H225M para as três forças armadas brasileiras e está à frente do programa TH-X, firmado no ano passado. O projeto prevê a aquisição de 27 helicópteros H125 Esquilo para a Marinha e a Força Aérea Brasileira (FAB).
A Helibras é uma das companhias listadas na Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde). A entidade reúne fornecedores estratégicos dos setores de defesa e segurança no país. Outros associados conhecidos da Abimde são nomes como Agrale, Avibras, AEL Sistemas e a Embraer.
Fabricante de helicópteros criada pelo governo
Instituição que foi a incubadora da Embraer, o antigo Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP), também foi o berço da Helibras.
A empresa foi criada no CTA em 14 de abril de 1978, por decisão do governo brasileiro na época no intuito de desenvolver uma indústria nacional de helicópteros. O negócio foi uma parceria do Governo de Minas Gerais, Aerofoto Cruzeiro e a francesa Aerospatiale (atual Airbus Helicopters). Em 1980, a fabricante mudou-se para Itajubá.
O primeiro cliente da Helibras foi a Marinha do Brasil, que em 1979 assinou o contrato de aquisição e produção local com a Aerospatiale de seis Esquilo. Em 1984, foi a vez da FAB pedir os modelos AS350 monoturbina, Super Puma e Esquilos AS335.
No fim da década de 1980, o Exército Brasileiro encomendou com a Helibras os helicópteros Esquilo e Pantera, os primeiros do grupo de Aviação do Exército. Com a necessidade estratégica e uma base de suporte estabelecida, a empresa mineira passou a ser o principal fornecedor de helicópteros das forças armadas brasileiras, além de atuar no setor civil.
O programa mais ambicioso da Helibras é o H-XBR, que prevê a aquisição de 50 Airbus H225M para as três forças armadas brasileiras. Trata-se do maior e mais avançado helicóptero produzido no Brasil. A entrega das aeronaves está em andamento desde 2011.
Notícia péssima! Por acaso teria havido tentativa de negociação com a Embraer! Trazer nosso maior concorrente para dentro do nosso território… Comercialmente um tiro no pé.
Ramos, duas questões : 1) Será que haveria interesse da Embraer em alocar recursos na Helibrás? 2) A Airbus já estava aqui, aliás, já tinha uma significativa participação na empresa (e deve ter participação em outras também).
Eu acho a notícia ótima!
Helibras é uma excelente empresa, que teve pouquíssimo apoio, tanto do governo quanto da iniciativa privada.
A Airbus dará um jeito nisso, e o Brasil, que já é um grande consumidor de helicópteros, poderá se destacar como um importante fornecedor.