O A321 da Metrojet foi fabricado em 1997 e acumulava 21 mil voos (Magic Aviation)
O Airbus A321 da companhia aérea russa Metrojet que caiu no Egito no último sábado (31/10), matando todos os 224 passageiros e tripulantes a bordo, pode ter se despedaçado no ar, declarou Viktor Sorotchenko, diretor do Comitê Intergovernamental de Aviação (MAK) que lidera as investigações sobre o acidente da região do Sinai, em parceria com especialistas da Airbus e autoridades egípcias.
A hipótese é considerada até o momento a mais plausível para justificar o acidente, uma vez que os destroços do avião estão espalhados por uma área de 20 km², característica já vista em outros acidentes com aeronaves que se despedaçaram no ar. Em 25 de maio de 2002 um Boeing 747 da China Airlines caiu em Taiwan após sofrer uma falha estrutural na cauda, que havia sido danificada 22 anos antes e reparada de forma inadequada.
Outro caso conhecido de falha estrutural aconteceu com um Boeing 737 da Aloha Airlines. Durante um voo entre Hilo e Honolulu, no Havaí, parte do teto da aeronave se soltou e mesmo sob severas condições o piloto conseguiu pousar o jato com segurança em Maui. Apenas uma pessoa morreu nesse incidente: uma comissária de bordo foi arremessada para fora do avião.
Tanto na aeronave da China Airlines, como na da Aloha Airlines, foram constatados problemas técnicos causados por falta de manutenção adequada. Segundo a Airbus, o modelo que caiu no Egito (matrícula EI- ETJ) foi fabricado em 1997 e realizou 21 mil voos, acumulando 56 mil horas de voo por cinco empresas aéreas. Antes de ser adquirido pela Metrojet, o aparelho voou pelas companhias Middle East Airlines, Onur Air, Saudi Arabian e Kolavia.
Em comunicado, a companhia russa afirmou que o A321 que caiu estava em “perfeitas condições de operação” e que não havia registros de problemas técnicos anteriores.
O comitê russo, no entanto, é cauteloso nas afirmações sobre as causas do acidente com o Airbus da Metrojet: “Ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão. A investigação pode levar meses”, afirmou Sorotchenko, às agências russas.
Mudanças bruscas no voo
Outro dado que aponta para uma provável falha estrutural no A321 da empresa russa é o registro de mudanças bruscas de velocidade e altitude em um curto espaço de tempo, que pode ter sido causado pelo desprendimento de alguma peça da aeronave ou rompimento da fuselagem.
Segundo registros do aplicativo FlightRadar24, que acompanha todos os voos do mundo em tempo real, em apenas um minuto a velocidade da aeronave caiu de 833 km/h para 344 km/h enquanto subia para a altitude e cruzeiro e em seguida iniciou uma trajetória aparentemente descontrolada, ganhando e perdendo altitude até despencar quase 8.000 metros em cerca de um minuto. Esses foram os últimos momentos em que o jato foi captado por radares.
A falta de comunicação entre a tripulação do A321 da Metrojet com o controle aéreo no momento da aparente perda de controle também alimenta a teoria sobre uma falha estrutural ter motivado a queda da aeronave.
Abate descartado
Em coletiva de imprensa realizada momentos após o acidente, o diretor da Metrojet, Alexandre Sminov, afirmou que somente uma “ação externa” poderia derrubar o jato, que estava em “excelente estado técnico”. Sminov também descartou a chance de erro dos pilotos.
A “ação externa” citada pelo diretor da companhia, no caso, pode ser interpretada como um ataque terrorista. Pelo Twitter, o grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou o abate do Airbus sobre o Egito, hipótese que já foi desconsiderada pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos. Segundo os norte-americanos, o EI não possui mísseis capazes de abater aeronaves voando em grande altitude.
Abatido ou não, a queda do Airbus da Metrojet já causou mudanças no espaço aéreo do Egito. Aeronaves que antes sobrevoavam a região do Sinai em suas rotas convencionais agora desviam da região para chegar aos seus destinos.
Veja mais: Mitos e verdades sobre acidentes aéreos
Bomba, alguma dúvida ?