Assunto pouco comentado nos últimos meses, o programa FCAS (Future Combat Air System/Sistema de Combate Aéreo do Futuro), que prevê a fabricação de um sistema de combate incluindo um caça de 6ª geração europeu, voltou à tona nesta semana após declarações de Eric Trappier, CEO da fabricante francesa Dassault Aviation. Segundo o executivo, a companhia chegou a um acordo industrial sobre o projeto com a Airbus, que é a outra parte envolvida no desenvolvimento.
“O FCAS é um projeto político lançado pelo presidente (da França) Emmanuel Macron e pela (ex-) chanceler (da Alemanha) Angela Merkel em 2017, e está parado desde o verão de 2021. Então, sim, hoje está feito. Temos um acordo com a Airbus”, disse o CEO da Dassault.
O projeto tem passado por polêmicas entre a Airbus e a Dassault, que disputam o protagonismo na sociedade que envolve a França, Alemanha e Espanha. O principal objetivo do FCAS é produzir o NGF (New Generation Fighter/Caça de Nova Geração) para substituir os caças Rafale e Eurofighter Typhoon, que são empregados pelas forças aéreas das nações reunidas no projeto. Além do avião de combate com características furtivas, o grupo também projeta uma aeronave não tripulada e uma rede militar avançada de comunicação e troca de dados.
“Agora poderemos passar para a próxima fase de estudos, conhecida como 1B, para preparar o desenvolvimento de um demonstrador, que deve voar por volta de 2029. Fomos confirmados em nosso papel como contratante principal e arquiteto da aeronave e obtivemos proteção para nosso conhecimento e tecnologias industriais. Ser o arquiteto de um novo avião de caça é muito motivador para nossa empresa, nossas equipes, as da Airbus, nosso principal parceiro”, disse Trapier.
Apesar de otimista, a fala de Trappier indica que as controvérsias dos últimos meses podem ter atrasado o desenvolvimento do projeto. Anteriormente, cogitava-se que o primeiro voo do NGF poderia ocorrer em meados de 2026, etapa agora prevista somente para 2029. A entrada em serviço do novo caça da Airbus e Dassault é programada para 2040.
Com custo na casa dos dois dígitos de bilhão, o projeto FCAS tenta repetir parcerias europeias do passado, como o próprio Eurofighter, mas esperava reunir mais países. Cotado inicialmente, o Reino Unido optou por desenvolver seu próprio caça de 6ª geração e já conta com o apoio da Suécia e Itália – o Japão pode ser o próximo envolvido. Batizado de Tempest, em homenagem ao antigo avião da Segunda Guerra, o programa planeja um caça semelhante ao NGF.