A COMAC, fabricante de aviões comerciais chinesa, realizou o voo inaugural do primeiro jato C919 de produção em série neste sábado, 14 de maio.
A aeronave, de matrícula B-001J, decolou do Aeroporto de Pudong, em Shangai, às 6h52 (horário local) e completou um voo de 3 horas e 2 minutos, segundo a COMAC, que afirmou que “os preparativos para o voo de teste e entrega da grande aeronave C919 estão progredindo de maneira ordenada”.
O jato em questão está programado para ser entregue para a China Eastern Airlines, que o colocará na subsidiária OTT Airlines.
Apesar do otimismo, o programa do C919, primeiro jato comercial totalmente desenvolvido no país, acumula atrasos e problemas. A certificação pela CAAC, a agência aviação civil chinesa, ainda não ocorreu, a despeito de seis aeronaves de testes serem usadas para isso.
Ela era esperada para o final de 2021, mas em janeiro, o COMAC confirmou que faltavam 242 voos de certificação dos 276 programados. Um dos motivos alegados para o atraso teria sido a pandemia do Covid-19, que impediu que quatro dos protótipos realizassem voos durante um longo tempo.
Por essa razão, a conclusão do primeiro avião de produção em série pode servir apenas como cortina de fumaça do governo chinês enquanto resolve gargalos cruciais como o fornecimento de aviônicos e motores para a aeronave.
“Cópia genérica” do A320
Embora tenha sido até citado pelo CEO da Airbus como uma potencial ameaça futura, o C919 está longe disso ainda, a despeito de algumas afirmações espalhafatosas quererem colocá-lo como um rival direto do Boeing 737 e Airbus A320.
O C919, considerado uma “cópia genérica” do A320, utiliza o turbofan Leap-1C, também presente nos dois jatos ocidentais. Mas os embargos dos EUA têm afetado o fornecimento para a COMAC, algo que pode se agravar com a situação na Ucrânia.
Por isso, a China tenta seguir o mesmo roteiro da Rússia, que busca encerrar a dependência ocidental com equivalentes domésticos. No entanto, a indústria do país possui menos conhecimento de vários processos fabris. Alternativa ao turbofan da CFM, o motor CJ-1000A, por exemplo, ainda está em estágios iniciais de desenvolvimento.
O C919 B-001J deverá ser entregue à OTT Airlines, subsidiária da China Eastern Airlines, única cliente a fechar um pedido cinco unidades da aeronave – há também centenas de intenções de compra de companhias aéreas chinesas que cedo ou tarde serão confirmadas, “a pedido” do Partido Comunista.