Um dos mais célebres aviões do final da Guerra Fria, o Panavia Tornado, pode ganhar um sucessor das mãos do grupo Airbus. A força aérea da Alemanha convidou a empresa a pesquisar um sucessor para o jato de dois motores e asas com enflechamento variável. Esse possível aparelho deverá entrar em operação em 2030, segundo previsão da Airbus.
A Airbus, inclusive, acredita que a solução ideal para essa época será uma combinação de um avião tripulado e outro não tripulado. O primeiro levaria um piloto e um controlador do jato não tripulado, chamado pela empresa de “mula”. A ele seriam confiadas as missões mais arriscadas como reconhecimento, aquisição de alvo, guerra eletrônica e, claro, o ataque propriamente dito.
O novo avião, no entanto, pode não ser totalmente novo. A Airbus pensa em aproveitar componentes e partes do Eurofighter Typhoon, por exemplo.
Programa conjunto
O Tornado foi fruto de uma das várias associações entre países europeus da OTAN como forma de dividir custos e ter aviões desenvolvidos segundo a necessidade de suas forças. Ele surgiu no final da década de 60 quando a Inglaterra, Alemanha e Itália formaram a joint-venture Panavia Aircraft GmbH, dividida em 42,5% de participação para os dois primeiros e 15% para o restante. BAe (BAC na época), MBB (atual EADS) e Aeritalia (Alenia) foram as empresas representantes de cada país.
O jato deveria substituir vários aparelhos como F-104 Starfighter e Buccanneer e para isso deveria ser um avião de ataque em baixa altura capaz de penetrar velozmente pela fronteira do inimigo. Utilizava asas com enflechamento variável, que ofereciam velocidade elevada quando recolhidas e alta sustentação e pousos em espaços curtos quando estivesse estendida. Os motores RB199 também era feitos por uma associação multinacional, a Turbo Union, que reunia a Rolls-Royce, MTU e Fiat.
O primeiro protótipo voou em 14 de agosto de 1974 na Alemanha. Basicamente, o Tornado possuía três variantes principais, a IDS (interdição e ataque) e ADV (Defesa Aérea) e reconhecimento e guerra eletrônica (ECR) e uma IDS de ataque marítimo para a Alemanha Ocidental. A Arábia Saudita foi a única cliente fora do grupo a operar o Tornado tendo encomendado 72 unidades do IDS e ADV. Na década de 90, o governo britânico promoveu uma atualização em seus Tornados batizada de GR4.
Estado Islâmico
A eficiência operacional do Tornado foi mais do que comprovada. Em várias ocasiões, o jato foi chamado para missões, a maior parte delas, no entanto, depois do fim da Guerra Fria. Pela Alemanha, por exemplo, ele participou da Guerra na Bósnia e do Kosovo. Os Tornados italianos voaram durante a Guerra do Golfo, em 1991 (assim como os ingleses), e recentemente estiveram no Afeganistão e na Líbia.
A Inglaterra colocou seus Tornados em várias situações de conflito como no Kosovo e na invasão do Iraque, em 2003. Em 2014, os Tornados passaram a atacar posições do Estado Islâmico assim como em dezembro do ano passado.
Apesar da folha corrida, o jato europeu deve ser retirado de serviço até o final da década. O Reino Unido pretente aposentar os Tornados remanescentes em 2019 e a Alemanha, em 2020.
Seu possível sucessor pode surgir de uma nova aliança européia assim como o caça Eurofighter Typhoon, apesar da recente decisão dos britânicos de sair da União Européia. Certo é que, por mais complexa que sejam esses programas conjuntos, a maior parte deles se materializou em formidáveis aviões como o Tornado.
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