Posto de lado pela grande maioria das clientes, o A380 pode encontrar um papel honroso nos próximos anos, o de bancada de testes para desenvolvimento da propulsão a hidrogênio.
Segundo o jornal francês Les Echos, a Airbus teria decidido utilizar a aeronave de dois andares para testar em voo um motor adaptado para funcionar com hidrogênio, além de instalar tanques criogênicos que serão desenvolvidos pelos centros tecnológicos de Nantes e Bremen.
Graças ao seu tamanho avantajado, o A380 poderá ser tão ou mais útil que o Boeing 747 utilizado pela General Electric no desenvolvimento de motores turbofan.
A plataforma de teste de propulsores da empresa norte-americana realiza voos em que substitui o motor interno esquerdo por um novo turbofan, como o GE9X que equipa o 777X.
O A380 poderia ser adaptado da mesma forma além de oferecer as condições ideiais para receber os tanques que transportam o hidrogênio líquido e que precisa ser resfriado a 253ºC negativos para se liquefazer.
Embora seja infinitamente menos poluente, o hidrogênio ocupa quatro vezes mais volume que o querosene para ser armazenado. Por conta disso, o conceito de transporte de combustível nas asas deve dar lugar a seções traseiras enormes capazes de receber os tanques criogênicos.
A Airbus aeronaves conceituais desse gênero no começo do ano quando anunciou a opção pelo hidrogênio. Duas delas, um jato e um turboélice, se caracterizam por asas estreitas, mas fuselagens longas.
Outra dificuldade reside na necessidade de adaptar toda a infraestrutura aeroportuária ao novo combustível e suas características especiais. Isso exigirá grandes investimentos, muitos deles dependentes de apoio governamental.
Por outro lado, o hidrogênio poderia vir a ser extraído da água pelos próprios aeroportos, criando uma nova fonte de receita financeira, além de evitar o transporte e o manuseio de outros locais.
Segundo os planos recentes da fabricante europeia, a aeronave de teste que iniciará os voos com um motor de demonstração deverá estar pronta em 2025.
Seria o tempo necessário para estudar e desenvolver tanques de produção barata e segura além de adaptar os atuais turbofans para utilizar o hidrogênio. E, quem sabe, o A380 poderá ter aí uma nobre missão após deixar de ser produzido em 2021.