Um planador que mais parece uma nave espacial, o Perlan 2 partiu ontem (2) dos Estados Unidos rumo a El Calafate, na Argentina, onde tentará estabelecer um novo recorde de altitude para aeronaves não motorizadas. A empreitada, chamada Projeto Perlan, é patrocinada pela Airbus.
Está será a terceira vez que o Perlan 2 é enviado para El Calafate – o AIRWAY acompanhou a primeira tentativa in loco, em 2017. A cidade na Patagônia, localizada na borda argentina da Cordilheira dos Andes, reúne algumas das melhores condições do mundo para o voo a vela, com uma combinação de fenômenos climáticas, entre ele o vórtice polar, que “empurram” o planador para altitudes estratosféricas.
O objetivo do grupo apoiado pela Airbus nesta nova missão é alcançar 90.000 pés (27.432 metros) de altitude com o Perlan 2, uma faixa onde poucos aviões conseguem voar. O recorde atual do planador é de 76.000 pés (23.164 m), de 2018.
“Na última década, estivemos em uma emocionante aventura para inspirar, educar e explorar a estratosfera, e a Airbus tem sido uma grande parceira nessa jornada, pois juntos tentamos – e alcançamos – o aparentemente impossível”, disse Ed Warnock, CEO do Projeto Perlan.
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A tentativa de alcançar 90.000 pés com o Perlan é planejada pelo grupo desde 2019. No entanto, em função da pandemia de Covid-19, o envio da equipe e todo aparato para El Calafate só ocorreu agora.
“Se um planador, que é uma aeronave verdadeiramente de emissão zero, pode se tornar a aeronave que voa mais alto de todos os tempos, isso envia uma mensagem poderosa de que a descarbonização da aviação não é um impedimento para a conquista e pode até ser um facilitador”, disse Jeffrey Knittel, presidente e CEO da Airbus Americas.
Planador hi-tech
O Perlan 2 foi construído pelo grupo de pesquisas Airbus Perlan Mission, que nos últimos anos vem esmagando os recordes de altitude para aeronaves não motorizadas, além de realizar pesquisas sobre o meio ambiente.
O primeiro recorde da equipe, ainda sem o apoio da Airbus, foi estabelecida em 2006, quando passou dos 50 mil pés (15.240 m) usando um planador com poucas modificações. O primeiro Perlan não tinha a cabine pressurizada, problema que os pilotos contornavam vestindo trajes pressurizados semelhantes aos de astronautas.
A segunda geração do Perlan foi construída em 2015, no estado do Oregon, nos EUA, e trouxe uma série de avanços para alcançar até 100 mil pés, altitude que o grupo estabeleceu como principal objetivo a ser alcançado.
Toda a fuselagem e asas do Perlan 2 são construídos praticamente 100% com fibra de carbono e a cabine possui um sistema de pressurização de pequeno porte e alta eficiência, o que segundo a Airbus elimina a necessidade de utilizar compressores mais pesados e que consomem mais energia. O planador ainda possui um sistema de reciclagem de ar e equipamentos que detectam as ondas de ar ascendentes.
Ao contrário das tradicionais aeronaves utilizadas em pesquisas, que possuem motores, o Perlan 2 não interfere na temperatura ou composição química do ar ao seu redor, fazendo com que seja a plataforma ideal para se estudar a atmosfera.
