A Airbus revelou na sexta-feira, 16, um inédito projeto de jato de treinamento avançado batizado de Airbus Future Jet Trainer (AFJT). A aeronave, cujo cronograma ainda é um mistério, será responsabilidade exclusiva da divisão espanhola do grupo, conhecida no passado como CASA (Construcciones Aeronáuticas SA).
O AFJT foi apresentado por Fernando Peces, executivo-chefe do programa Eurofighter na Espanha, e por Javier Escribano, responsável pelos programas de futuras aeronaves de combate, que argumentaram ser o projeto uma forma de manter a indústria aeronáutica do país ativa nos próximos anos.
“O Programa AFJT seria um importante motor da economia e gerador de empregos altamente qualificados e de qualidade, contribuindo para a criação de empregos estáveis, de alto valor agregado e de alto impacto. O conhecimento gerado em engenharia e design serviria também como gerador de novas oportunidades para o futuro da indústria nacional ”, explicou Peces.
Absorvida pela Airbus em 2009, a CASA (que fazia parte do grupo EADS, também absorvido pela Airbus) já tem experiência na construção de jatos de treinamento. No final dos anos 1970, a empresa espanhola desenvolveu o C-101 “Aviojet” e produziu mais de 160 unidades da aeronave. O aparelho ainda segue em serviço com as forças aéreas da Espanha, Chile e Honduras.
Velocidade transônica
Uma das imagens divulgadas pela Airbus mostra justamente uma série de fornecedores locais para o programa, que deve gerar entre 2.100 e 2.500 empregos além de cerca de 36 milhões de euros em impostos e contribuições sociais.
O projeto do jato de treinamento mostra uma aeronave de apenas um motor aparentemente com pós-combustor, e dois assentos, mas a fabricante planeja desenvolver uma versão de combate leve – ambos terão capacidade de voar a uma velocidade transônica.
Para a Airbus, o AFJT será um avião para treinar os pilotos que voarão no FCAS, o futuro caça de 6ª geração que França, Alemanha e Espanha estão iniciando o desenvolvimento.
Mercado em expansão
O jato da Airbus é mais uma aeronave a tentar disputar o mercado de aviões de treinamento avançado e combate leve. Esse nicho tem sido dominado pelo F-5 Tiger II há décadas, mas a idade avançada tem obrigado muitas forças aéreas a procurar um substituto.
A Boeing é um dos mais fortes concorrentes atualmente. A empresa dos EUA desenvolve em conjunto com a Saab o T-7A, um jato supersônico de treinamento que substituirá o T-38 Talon, irmão do F-5.
Há também concorrentes na Coreia do Sul e Itália e que almejam abocanhar um naco dessa demanda, mas certamente brigar com a Boeing e agora com a Airbus não será uma tarefa fácil no futuro.
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