Importantes nomes em seus segmentos, Airbus, Rolls-Royce e Siemens anunciaram nessa terça-feira (28) uma parceria para desenvolver e testar o E-Fan X, protótipo de avião comercial com motorização híbrida. Segundo o novo grupo, o desenvolvimento da aeronave “representará um importante passo à frente para a motorização híbrida e elétrica para aeronaves comerciais”.
Boa parte do protótipo já está “pronto”, tanto que as empresas chamam o avião de “demonstrador de voo a curto prazo”. O E-Fan X será baseado no modelo comercial BAe 146, aeronave apelidada como “Jumbolino” devido a sua configuração com quatro motores, como Boeing 747, o Jumbo.
O primeiro voo do E-Fan X está programado para 2020. Como explica a Airbus, um dos quatro motores a jato da aeronave será substituído por um motor elétrico de dois megawatts. Mais adiante, quando o sistema tiver sua maturidade comprovada, um segundo motor elétrico será acrescentado ao protótipo da campanha de testes.
“O E-Fan X é um passo importante no nosso objetivo de tornar o voo elétrico uma realidade no futuro previsível. Vemos a propulsão híbrida e elétrica como uma tecnologia atraente para o futuro da aviação”, disse Paul Eremenko, diretor de tecnologia da Airbus.
Desafios
Além de testar os sistemas de motorização elétrica em um avião comercial, outra parte importante do programa E-Fan X é estabelecer os requisitos para a futura certificação de aeronaves movidas por eletricidade. De uma forma resumida, o projeto vai explorar e determinar como esses aviões devem ser construídos e manuseados para operarem com segurança.
Como antecipou o grupo, há uma lista de desafios a serem superados. Esse será o primeiro teste de um avião equipado com um sistema de propulsão de alta potência, tecnologia que está sujeita a uma série intempéries, como efeitos térmicos e influência eletromagnética.
Cada empresa envolvida no projeto terá um trabalho específico na aeronave. A Airbus será responsável pela integração geral dos sistemas elétricos no protótipo, bem como o desenvolvimento da arquitetura de controle da motorização alternativa e baterias, e sua integração com os comandos de voo.
A Rolls-Royce vai fornecer os motores a jato, gerador elétrico e o sistema eletrônico de controle de potência. A empresa, juntamente com a Airbus, também vai trabalhar na adaptação do motor elétrico à nacele (onde o motor do avião fica fixado) da asa do BAe 146.
Por fim, a Siemens será responsável por fornecer o motores elétricos do protótipo, que parecem uma espécie de ventilador gigante (não à toa esse tipo de motor é chamado de “fan”, que inglês significa justamente “ventilador”). A empresa também vai desenvolver os sistemas de controle de potência dos propulsores e outros sistemas secundários.
Experiência elétrica
O E-Fan X é mais uma ação da Airbus na área dos “aviões verdes”. O grupo europeu vem fazendo pesquisas nesse campo desde 2014 com o E-Fan, um pequeno avião com motorização elétrica. Em 2015, a aeronave, então com mais de 100 voos no currículo, cruzou o Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra.
A Airbus ainda segue desenvolvendo o E-Fan para obter sua certificação, o que permitirá sua entrada no mercado. A fabricante aponta que o avião elétrico pode ganhar espaço entre usuários privados e trabalhando em escolas de aviação na formação de novos pilotos.
No que depender da Siemens, o E-Fan X será um avião veloz. O atual avião elétrico mais rápido do mundo, o Extra 330LE, é equipado com um motor fabricado pela empresa alemã. O propulsor usado na aeronave gera 250 kW, o equivalente a 335 cavalos de potência e suficiente para levar o modelo a velocidade máxima de até 342 km/h.
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Parece com o inglès “Jumbolino”, famoso por três coisas: ser o avião da rainha da Inglaterra, ser o avião de Sir Paul McCartney e ser o avião que caiu matando quase todos os passageiros na trágica viagem da Chapecoense.