Tradicional aliado dos Estados Unidos, os Emirados Árabes Unidos decidiram comprar equipamentos militares da China. Segundo a imprensa chinesa, Abu Dhabi confirmou na terça-feira (22) a aquisição de 12 jatos de treinamento avançado L-15 Falcon da Hongdu, subsidiária do grupo chinês AVIC. O contrato ainda inclui opções de compra para mais 36 aeronaves.
A compra do jato chinês era negociada pelo país árabe e a China há mais de um ano, como parte de uma série de ações e acordos de aproximação entre os dois países. A compra dos aviões aconteceu durante a IDEX 2023, a maior feira de equipamentos de defesa do Oriente Médio, realizada em Abu Dhabi nesta semana.
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Com cabine para dois ocupantes, o L-15 é primordialmente um jato de treinamento avançado, usado na transição de pilotos para a aviação de caça. O avião chinês, porém, também pode servir como um caça-bombardeiro leve, com capacidade para transportar 3.000 kg em armamentos avançados. Trata-se também de uma aeronave supersônica, capaz de voar a velocidade máxima de Mach 1.4 (1.728 km/h), e que pode receber sistema de reabastecimento aéreo.
A Força Aérea dos Emirados Unidos ainda não informou qual deve ser a aplicação do L-15. Entretanto, o mais provável é que o jato da Hongdu sirva no treinamento de pilotos que voam a variada frota de caças do país, composta hoje pelos modelos Lockheed Martin F-16 e os Dassault Mirage 2000 e Rafale.
Atualmente, a Força Aérea da Zâmbia é o único operador estrangeiro do L-15, com seis aparelhos em serviço. Na China, o jato está em operação com a força aérea desde 2013 na função de treinador. O custo de cada aeronave é estimado entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões.
Aproximação com a China complica venda de F-35 aos Emirados Árabes Unidos
A compra dos jatos chineses pelos Emirados Árabes Unidos pode causar mal-estar com os Estados Unidos, que agora dificilmente deve liberar a venda de caças Lockheed Martin F-35A ao país no Oriente Médio.
No fim de 2020, durante os últimos dias na presidência dos EUA, Donald Trump aprovou a venda de 50 aeronaves F-35A à força aérea dos Emirados, além de 18 drones de ataque MQ-9B da General Atomics.
Em 2021, surgiram relatos de que os árabes cogitavam abandonar as discussões sobre a compra dos caças dos EUA. O acordo estaria comprometido devido às preocupações de Washington com Abu Dhabi em trabalhar com a Rússia no desenvolvimento de um novo jato de combate. Mas esse não seria o único motivo a complicar o acordo.
Os EUA também pressionam os Emirados Árabes a não cederem às incursões de empresas chinesas dos setores militar e de telecomunicações, que se confirmadas podem reduzir a área de influência de Washington no Oriente Médio. Fora isso, há também a questão de Israel, que é contra a venda do F-35 para nações árabes.