Antigo bombardeiro B-29 recebe certificado para voltar a voar

Aeronave conhecida como “Doc”, produzido na época da Segunda Guerra Mundial, foi totalmente restaurada para voltar a decolar; processo de recuperação levou quase 30 anos
Aposentado em 1956, o B-29 "Doc" está pronto para voltar a voar (Doc's Friends)
Aposentado em 1956, o B-29 “Doc” está pronto para voltar a voar (Doc’s Friends)
Aposentado em 1956, o B-29 "Doc" está pronto para voltar a voar (Doc's Friends)
Aposentado em 1956, o B-29 “Doc” está pronto para voltar a voar (Doc’s Friends)

Se manter um avião novo em condições de voo já é difícil, imagine então como é deixar em ordem uma aeronave com mais de 70 anos? Graças ao esforço de um grupo de pilotos e entusiastas dos Estados Unidos, o veterano bombardeiro Boeing B-29 “Doc” foi totalmente restaurado e recebeu, no final de maio, o certificado de aeronavegabilidade da Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA. Com esse documento, a aparelho pode voltar a voar.

Construído em março de 1945, quase no final da Segunda Guerra Mundial, o modelo teve uma carreira curta e após sua desativação foi descartado como ferro-velho.

“Doc”, apelido criado por sua tripulação na década de 1950, é o nome em inglês de um dos anões da história “Branca de Neve e os Setes Anões”- na versão brasileira do conto infantil ele seria o “Mestre”.

O B-29 Doc fazia parte do esquadrão “Seven Dwarfs” (Sete Anões…), que acompanhado de outros seis B-29, realizava operações de calibração de radares em serviço pela Força Aérea dos EUA (USAF). Ao serem aposentados, esses sete bombardeiros foram enviados para o deserto Mojave, na Califórnia.

Assim como milhares de outras aeronaves militares aposentadas dos EUA, o B-29 Doc foi enviado em 1956 para o “cemitério” de aviões no deserto de Mojave, na Califórnia, até ser encontrado em 1987, pelo restaurador Tony Mazzolini. Como foi aposentado precocemente e acumulou poucas horas de voo, o velho bombardeiro, apesar de empoeirado, estava em boa estado, inclusive com os motores originais.

Longa restauração

Imagem de um dos primeiros encontros de Tony Mazzolinicom o B-29 Doc (Doc's Friends)
Imagem de um dos primeiros encontros de Tony Mazzolini com o B-29 Doc (Doc’s Friends)

Uma das partes mais demoradas e difíceis no processo de recuperação da aeronave foi justamente conseguir a permissão para retirá-la do depósito em Mojave. Custou mais de uma década de disputa, até que finalmente Mazzolini, após uma troca, conseguiu a posse da aeronave, em abril de 1998.

Mazzolini, um grande restaurador de aeronaves dos EUA, “ganhou” o B-29 após restaurar outro bombardeiro, um B-25 Mitchell, para o Museu Nacional da Marinha dos EUA. Terminado o processo, o Doc abandonou o deserto, depois de 42 anos.Nessa mesma época, Mazzolini já havia reunido uma série de voluntários interessados na restauração do avião e formou o grupo “Doc’s Friends”.

A aeronave foi desmontada e enviada em caminhões para Wichita, no estado do Kansas, até uma das fábricas da Boeing e a mesma planta onde o modelo em questão foi construído, na década de 1940.

Apesar das boas condições da aeronave, a restauração levou 16 anos (Doc's Friends)
Apesar das boas condições da aeronave, a restauração levou 16 anos (Doc’s Friends)

Com a ajuda de especialistas da Boeing, os Doc’s Friends iniciaram um longo e minucioso processo de recuperação da aeronave. A intenção era deixá-lo em condições de voo, e não para exposição estática em museus. Mazzolini pensava, que a exemplo de seus outros projetos, a restauração do B-29 levaria cerca de três ou quatro anos para ser concluída. No entanto, foram necessários 16 anos.

Segundo dados na página oficial do Doc’s Friends, nesses quase 30 anos de recuperação e restauração do B-29 Doc, foram consumidos 350 mil horas de trabalho e 26 voluntários que participaram do projeto morreram. O próprio Mazzolini, já com idade avançada, não participava mais da parte pesada do trabalho, que enfim foi finalizado pelos mais de 700 membros que o grupo reuniu nesses anos.

Segundo informações da página do grupo, os comandos de voo e motores do bombardeiro estão funcionando perfeitamente e, mesmo com permissão para voar, o aparelho ainda vai realizar uma série de testes em solo até decolar para seu primeiro voo nessa nova fase.

YouTube video

Superfortalezas preservadas

Atualmente, existem apenas 22 bombardeiros B-29 preservados em museus nos EUA, Inglaterra e Coreia do Sul, incluindo o modelo “Enola Gay”, responsável por lançar a primeira bomba nuclear sobre o Japão, guardado no Steven F. Udvar-Hazy Center, no estado de Virgínia.

Desses aparelhos, apenas um tem condições de voar, o B-29 “Fifi”, que pertence a frota histórica do Commemorative Air Force, entidade americana dedicada a restauração de aeronaves clássicas, e eventualmente aparece em festivais aéreos, onde sempre é uma das principais atrações.

O Fifi é atualmente o único B-29 em condições de voo (Commemorative Air Force )
O Fifi é atualmente o único B-29 em condições de voo (Commemorative Air Force)

Entre 1943 e 1946, a Boeing fabricou cerca de 3.970 unidades do B-29, que ficou conhecido como “Superfortress” (Superfortaleza), devido ao seu pesado armamento de auto-defesa. A aeronave foi empregada pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, na campanha contra o Japão, e posteriormente na Guerra da Coreia. O bombardeiro foi desativado dos quadros da USAF em 1960.

Veja mais: Convair B-36, o “Pacificador”

Total
0
Shares
4 comments
  1. Muito bom o seu site. Sou ex militar de forças terrestres, mas
    aprecio muito a aviação, ainda mais quando se trata de aviões antigos como este B-29 mostrado em seu artigo.

    Parabéns, continue assim.

Comments are closed.

Previous Post
Airbus A330-200 da Korean Air (foto: Mehdi Nazarinia)

Korean Air deve encerrar operação no Brasil após Olimpíadas

Next Post
Muitos dos antigos Fokker 100 da TAM continuam em operação com empresas no Irã (Aero Icarus)

Por onde voam os últimos Fokker 100?

Related Posts
Total
0
Share