Se manter um avião novo em condições de voo já é difícil, imagine então como é deixar em ordem uma aeronave com mais de 70 anos? Graças ao esforço de um grupo de pilotos e entusiastas dos Estados Unidos, o veterano bombardeiro Boeing B-29 “Doc” foi totalmente restaurado e recebeu, no final de maio, o certificado de aeronavegabilidade da Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA. Com esse documento, a aparelho pode voltar a voar.
Construído em março de 1945, quase no final da Segunda Guerra Mundial, o modelo teve uma carreira curta e após sua desativação foi descartado como ferro-velho.
“Doc”, apelido criado por sua tripulação na década de 1950, é o nome em inglês de um dos anões da história “Branca de Neve e os Setes Anões”- na versão brasileira do conto infantil ele seria o “Mestre”.
O B-29 Doc fazia parte do esquadrão “Seven Dwarfs” (Sete Anões…), que acompanhado de outros seis B-29, realizava operações de calibração de radares em serviço pela Força Aérea dos EUA (USAF). Ao serem aposentados, esses sete bombardeiros foram enviados para o deserto Mojave, na Califórnia.
Assim como milhares de outras aeronaves militares aposentadas dos EUA, o B-29 Doc foi enviado em 1956 para o “cemitério” de aviões no deserto de Mojave, na Califórnia, até ser encontrado em 1987, pelo restaurador Tony Mazzolini. Como foi aposentado precocemente e acumulou poucas horas de voo, o velho bombardeiro, apesar de empoeirado, estava em boa estado, inclusive com os motores originais.
Longa restauração
Uma das partes mais demoradas e difíceis no processo de recuperação da aeronave foi justamente conseguir a permissão para retirá-la do depósito em Mojave. Custou mais de uma década de disputa, até que finalmente Mazzolini, após uma troca, conseguiu a posse da aeronave, em abril de 1998.
Mazzolini, um grande restaurador de aeronaves dos EUA, “ganhou” o B-29 após restaurar outro bombardeiro, um B-25 Mitchell, para o Museu Nacional da Marinha dos EUA. Terminado o processo, o Doc abandonou o deserto, depois de 42 anos.Nessa mesma época, Mazzolini já havia reunido uma série de voluntários interessados na restauração do avião e formou o grupo “Doc’s Friends”.
A aeronave foi desmontada e enviada em caminhões para Wichita, no estado do Kansas, até uma das fábricas da Boeing e a mesma planta onde o modelo em questão foi construído, na década de 1940.
Com a ajuda de especialistas da Boeing, os Doc’s Friends iniciaram um longo e minucioso processo de recuperação da aeronave. A intenção era deixá-lo em condições de voo, e não para exposição estática em museus. Mazzolini pensava, que a exemplo de seus outros projetos, a restauração do B-29 levaria cerca de três ou quatro anos para ser concluída. No entanto, foram necessários 16 anos.
Segundo dados na página oficial do Doc’s Friends, nesses quase 30 anos de recuperação e restauração do B-29 Doc, foram consumidos 350 mil horas de trabalho e 26 voluntários que participaram do projeto morreram. O próprio Mazzolini, já com idade avançada, não participava mais da parte pesada do trabalho, que enfim foi finalizado pelos mais de 700 membros que o grupo reuniu nesses anos.
Segundo informações da página do grupo, os comandos de voo e motores do bombardeiro estão funcionando perfeitamente e, mesmo com permissão para voar, o aparelho ainda vai realizar uma série de testes em solo até decolar para seu primeiro voo nessa nova fase.
Superfortalezas preservadas
Atualmente, existem apenas 22 bombardeiros B-29 preservados em museus nos EUA, Inglaterra e Coreia do Sul, incluindo o modelo “Enola Gay”, responsável por lançar a primeira bomba nuclear sobre o Japão, guardado no Steven F. Udvar-Hazy Center, no estado de Virgínia.
Desses aparelhos, apenas um tem condições de voar, o B-29 “Fifi”, que pertence a frota histórica do Commemorative Air Force, entidade americana dedicada a restauração de aeronaves clássicas, e eventualmente aparece em festivais aéreos, onde sempre é uma das principais atrações.
Entre 1943 e 1946, a Boeing fabricou cerca de 3.970 unidades do B-29, que ficou conhecido como “Superfortress” (Superfortaleza), devido ao seu pesado armamento de auto-defesa. A aeronave foi empregada pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, na campanha contra o Japão, e posteriormente na Guerra da Coreia. O bombardeiro foi desativado dos quadros da USAF em 1960.
Veja mais: Convair B-36, o “Pacificador”
Muito bom o seu site. Sou ex militar de forças terrestres, mas
aprecio muito a aviação, ainda mais quando se trata de aviões antigos como este B-29 mostrado em seu artigo.
Parabéns, continue assim.
Valeu José!
Ótimo site.
Virei fã.
Parabéns.
Obrigado Gilberto!
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