Evolução do clássico MiG-25 da Guerra Fria, o caça MiG-31 (codinome “Foxhound” para a Otan) resiste na Força Aérea da Rússia em funções variadas. Imenso e veloz, o jato contrasta com os sofisticados e caros caças de última geração incluindo seu futuro “parceiro”, o Sukhoi Su-57, primeiro caça stealth do país. Mas isso não significa que suas funções sejam menos impressionantes como a que ele deverá assumir em breve, a de caçador de satélites.
Um exemplar de testes do MiG-31 foi fotografado no mês passado decolando de aeroporto de Zukhovsky, próximo a Moscou, com um impressionante míssil transportado na parte inferior da fuselagem. Trata-se, segundo especialistas no exterior, de uma versão do míssil Kinzhal capaz de atingir satélites em órbita baixa em torno da Terra. O novo artefato foi apresentado em março pelo presidente russo Vladimir Putin como um míssil hipersônico “invencível” e a “arma ideal” para tornar seu país impenetrável por forças estrangeiras.
Ter a capacidade de eliminar satélites é um trunfo sem paralelo num potencial conflito de grandes proporções. Hoje esses artefatos são responsáveis por comunicação, espionagem e navegação, para citar algumas funções cruciais para um país. Mas atingi-los não é uma tarefa simples. Requer um misto de desempenho, força e precisão para atingir seu alvo, além de um vetor capaz.
Adaptado do míssil balístico Iskander, o novo armamento é tão pesado que só poderia ser transportado por um caça como o MiG-31. A aeronave de testes, um MiG-31BM, no entanto, tem diferenças para outros caças operacionais. Dispensa os pilones de transportes de armamentos nas asas e uma área retangular na parte inferior do nariz além de outras pequenas diferenças, associadas com as novas missões a que pode ter sido adaptado.
Guerra Fria no espaço
Em tese, o caça seria capaz de atingir altitudes elevadas para aumentar a capacidade do míssil hipersônico de atingir alvos a centenas de quilômetros da superfície, uma missão bastante inusitada mas que não é inédita para o avião criado pelo escritório Mikoyan-Gurevich. Em 1987, os soviéticos adaptaram um MiG-31D para lançar um míssil anti-satélite o equipando com um radar capaz de mapear os céus em grandes altitudes além de estranhos winglets possivelmente para melhorar a estabilidade direcional.
O programa soviético era uma resposta ao míssil americano ASM-135 ASAT (míssil anti-satélite lançado do ar) que foi testado alguns anos antes por um F-15A Eagle e conseguiu destruir um satélite a mais de 500 km de altitude. O programa americano, no entanto, foi cancelado por questões técnicas e pelo custo crescente.
Veja também: MiG-25, a ameaça soviética