Semanas após afirmar que os rumores sobre uma parceria com Canadá eram falsos, a Antonov admitiu que está sim em negociações com o governo de Québec para o desenvolvimento de uma aeronave civil em parceria.
Os detalhes das negociações foram revelados pelo jornal Le Devoir no começo de julho, mas negados pela empresa ucraniana. No entanto, a empresa agora reconheceu que ocorreram negociações com um parceiro canadense para viabilizar a produção de uma variante modernizada do An-74TK-200, uma aeronave multimissão dos tempos da União Soviética.
Segundo a Antonov, foi apresentada uma proposta para a Ukroboronprom, estatal ucraniana que controla a empresa, e o governo do país e que foi incluída num Memorando de Entendimento assinado com o governo do Canadá em junho.
A aeronave modernizada deverá receber vários aprimoramentos com o objetivo de substituir componentes de origem russa assim como os motores e aviônicos. A produção do An-74 retrofitado seria feita no Canadá e na Ucrânia para vendas internas e exportações.
Segundo o Le Devoir, o representante da fabricante ucraniana teria criado a Antonov Aircraft Canada no início do ano, já pavimentando o caminho para o acordo.
Aeronave STOL
O possível joint venture entre a província de Québec, onde ficam as principais instalações aeronáuticas do Canadá, e a Ucrânia, apresenta um potencial interessante. Isso porque o fim dos programas CRJ e do turboélice Dash 8 (suspenso por ora) deixou uma enorme capacidade produtiva ociosa.
O An-74, por sua vez, é uma aeronave com características reconhecidas de operação em pistas curtas (STOL) e despreparadas e em climas adversos. Porém, trata-se de um projeto bastante obsoleto.
A configuração de motores sobre as asas para aproveitar o efeito COANDA resultou numa velocidade de cruzeiro pouco superior a de alguns turboélices e sua capacidade não chega a impressionar – são apenas 10 toneladas de carga ou 52 passageiros.
Uma variante para voos regionais poderia até aproveitar a enorme demanda na América do Norte, atualmente atendida apenas por um modelo, o Embraer E175, mas seria preciso que o An-74 fosse alongado para comportar mais passageiros, por exemplo.
A crise que vive a Antonov após o rompimento das relações da Ucrânia com a Rússia (até então sua principal cliente) deixou a fabricante numa situação bastante delicada. Por essa razão, não será tão fácil encontrar um caminho que a torne uma empresa lucrativa.
A Embraer deveria lançar uma versão civil do cargueiro militar 390 milenium.