Um cargueiro Antonov AN-124 “Ruslan” pousou na madrugada desta quarta-feira, 8 de abril, no aeroporto internacional de Brasília (DF). A aeronave trouxe para o Brasil cerca de 40 toneladas em suprimentos médicos importados da China, incluindo seis milhões de máscaras faciais para prevenção contra o novo coronavírus (Covid-19).
Os suprimentos foram encomendados pela empresa Nutriex, que investiu aproximadamente R$ 160 milhões na aquisição e frete do material. A carga seguiu por vias terrestres para o Estado de Goiás.
A jornada do AN-124 até a capital federal começou em Xangai, na China, no domingo (5/4). O cargueiro ainda fez duas escalas nos EUA, em Anchorage e Miami, antes de pousar em Brasília. A aeronave com matrícula ucraniana UR-82029 é operada pela própria Antonov. Na sexta-feira (10/4), o avião gigante seguirá para Luanda, em Angola.
A última vez que um AN-124 passou pelo Brasil foi em fevereiro deste ano, quando passou pelo aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). O quadrimotor da Antonov é o segundo maior avião do mundo, atrás apenas de seu irmão maior, o AN-225 Mriya.
A produção da AN-124, concebido originalmente como transporte militar pesado, foi iniciada em 1982 e o aparelho foi declarado operacional em 1986. Seu primeiro cliente foi a força aérea da antiga União Soviética. Ao todo, foram fabricados 55 unidades – os modelos mais recentes foram fabricados em 2004. A aeronave é certificada para transportar até 150 toneladas de carga.
Em 2014, os planos para retomar a produção conjunta do Antonov AN-124 pela Ucrânia e Rússia foram suspensos devido a tensão entre os dois países, que culminou com a anexação da Crimeia ao território russo. A única linha de montagem do Ruslan na época ficava em Ulianovsk, na Rússia.
Ucraniana com raízes soviéticas
A Antonov tem ligações tão fortes com a União Soviética que muita gente pensa que a fabricante é russa e não ucraniana. A companhia foi fundada na Ucrânia, em 1942, como uma divisão secreta do então grupo Novosibirsk, que também liderava e financiava atividades de outras fabricantes soviéticas.
A empresa era chefiada por Oleg Antonov, lendário engenheiro ucraniano que posteriormente cedeu seu sobrenome à companhia e liderou a maioria dos projetos da Antonov até o final dos anos 1970.
A Antonov é conhecida principalmente pelo AN-225, o maior avião do mundo, embora apenas uma unidade da aeronave tenha sido finalizada. O avião com seis motores e capaz de transportar 250 toneladas foi projetado originalmente para apoiar o projeto do ônibus espacial soviético, encerrado por falta de financiamento poucos antes do colapso da União Soviética, em 1991.