A direção da Antonov foi às redes sociais em busca de ajuda para ressuscitar o An-225 Mriya (Sonho, em ucraniano). A aeronave foi destruída no mês passado após um ataque das forças russas ao aeroporto de Gostomel, em Kiev, onde ficava a base do maior avião do mundo.
“Apesar dos tempos difíceis, a Antonov considera fortemente necessário evitar a perda irreversível total da aeronave lendária como um dos símbolos da modernidade. Para isso existem todas as razões – documentação estrutural e científica e técnica – presença, grande desejo e inspiração. Infelizmente num momento difícil para a Ucrânia e a Antonov, faltam verbas para resolver essa tarefa”, diz a carta assinada por Sergiy Bychkov, CEO da Antonov, publicada no Facebook nesta semana.
Para custear o que Bychkov chamou de “renascimento” do An-225, ele propõe criar um Fundo Internacional e angariar depósitos não reembolsáveis, a popular “vaquinha”. A carta do CEO da Antonov continua com um informe de números de contas bancárias onde os apoiadores podem depositar qualquer quantia. O diretor da fabricante não revelou quanto pretende arrecadar com a campanha ou um valor do projeto para trazer de voltar o Mriya.
É interessante notar que em nenhum momento o CEO da Antonov usa os termos “reconstruir” ou “recuperar” o An-225. Pelo que se deduz das imagens dos destroços no aeroporto de Gostomel após o ataque russo, aquele avião que nós conhecemos muito provavelmente sofreu perda total. Além de atingir o avião gigante com seis motores, o ataque russo também destruiu um An-26 e um An-74 que pertenciam a Antonov Airlines.
Se houver quem pague, a Antonov poderia seguir dois caminhos em seu plano de recuperar o An-225, ambos tão desafiadores quanto improváveis. O primeiro é completar uma segunda estrutura inacabada do Mriya, armazenada há mais de 30 anos no aeródromo de Gostomel. Porém, com a guerra em curso na Ucrânia, as condições da antiga célula são desconhecidas. Além disso, essa possibilidade foi descartada no passado pelo CEO do grupo Antonov State Company, Oleksandr Donets, que considerou a proposta “inviável”.
A outra opção seria construir um An-225 novo em folha, quem sabe até uma versão modernizada. No entanto, um programa desse porte certamente custaria alguns bilhões de dólares e atualmente a Antonov não tem condições de realizar investimentos. Em todos os cenários, planos de desenvolver e fabricar aviões na Ucrânia, pequenos ou gigantes, só conseguiriam ir adiante depois do fim do conflito com a Rússia. Em tempos de guerra, não custa nada sonhar.