A Antonov, fabricante de aviões estatal da Ucrânia, quer reiniciar a produção do avião de transporte pesado AN-124 e desta vez sem precisar usar componentes importados da Rússia. A construção da primeira aeronave nessa nova fase pode começar até o final deste ano, segundo a mídia ucraniana.
O plano foi anunciado no canal de TV público da Ucrânia por Sergei Omelchenko, vice-diretor geral da Ukroboronprom, conglomerado de defesa também controlado pelo governo ucraniano e responsável pelas atividades da Antonov.
Omelchenko disse que o grupo estatal está trabalhando com várias empresas internacionais para reiniciar a produção da aeronave. O executivo ainda enfatizou que a construção dos nos An-124 será realizada sem o uso de componentes russos.
“Estamos na fase final de completar todos os componentes eletrônicos, e esperamos que eles sejam finalmente adotados pelo grupo de engenharia e design do Antonov para começar a montagem da primeira aeronave este ano”, disse o vice-diretor da Ukroboronprom.
A produção da An-124, concebido originalmente como transporte militar pesado, foi iniciada em 1982 e o avião foi declarado operacional em 1986. Seu primeiro cliente foi a força aérea da antiga União Soviética. Ao todo, foram fabricados 55 unidades do modelo – os modelos mais recentes foram fabricados em 2004.
Em 2014, os planos para retomar a produção conjunta do Antonov AN-124 pela Ucrânia e Rússia foram suspensos por causa da tensão política em curso entre dois países, que culminou com a anexação da Crimeia ao território russo. A única linha de montagem da An-124 na época ficava em Ulianovsk, na Rússia.
O AN-125 Ruslan é o maior avião de transporte militar atualmente em serviço, capaz de decolar com 150.000 kg de carga. A certificação para o uso comercial da aeronave foi emitida em 1992 e, desde então, a aeronave se especializou em transportar cargas volumosas pelo mundo.
Antonov parada
As linhas de produção da Antonov estão praticamente paradas desde 2016, quando o governo ucraniano baniu a importação de diversos produtos da Rússia, incluindo componentes aeronáuticos, em resposta a invasão e tomada da Crimeia pelos russos.
Para começar a reverter essa situação, a direção da Antonov firmou um acordo em julho do ano passado com a Aviall, subsidiária da Boeing, para o fornecimento de componentes e dar continuidade a produção dos jatos regionais AN-148 e AN-158, além do modelo militar AN-178. A empresa do grupo americano também vai prestar serviços de pós-venda aos aviões ucranianos.
Ucraniana com raízes soviéticas
A Antonov tem ligações tão fortes com a União Soviética que muita gente pensa que a fabricante é russa e não ucraniana. A companhia foi fundada criada na Ucrânia, em 1942, como uma divisão secreta do então grupo Novosibirsk, que também liderava e financiava atividades de outras fabricantes soviéticas.
A empresa ucraniana era chefiada por Oleg Antonov, lendário engenheiro ucraniano que posteriormente cedeu seu sobrenome a companhia e liderou a maioria dos projetos da Antonov até o final da década de 1970.
A Antonov é conhecida principalmente pelo AN-225, o maior avião do mundo. A aeronave foi projetada originalmente para apoiar o projeto do ônibus espacial soviético, encerrado por falta de financiamento poucos antes do colapso da União Soviética, em 1991. Os planos espaciais se foram, mas o avião ficou e se tornou o maior cargueiro de todos os tempos, capaz de transportar cargas com mais de 250 toneladas.
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