O ajuste fiscal em execução lançado pelo governo brasileiro neste ano não vai afetar o desenvolvimento dos projetos da aeronave cargueira KC-390 e do caça supersônico Gripen NG, segundo aponta reportagem do jornal Valor Econômico.
De acordo com o presidente da Copac (Comissão Coordenação de Programa Aeronave de Combate), brigadeiro do ar Paulo Roberto de Barros Chã, estão garantidos para este ano R$ 771 milhões para o KC-390 e mias R$ 1 bilhão para o programa dos caças FX-2.
O contrato de produção do KC-390 para a Força Aérea Brasileira (FAB), que contempla 28 unidades, avaliado em R$ 7,2 bilhões, foi assinado em maio de 2014. A fase de desenvolvimento da aeronave tem custo estimado em cerca de R$ 5 bilhões e o acordo se estende até 2017.
“O desenvolvimento do KC-390 é prioridade total. Não haverá atrasos, porque isso compromete as vendas no mercado internacional”, revelou o brigadeiro. No entanto, devido a restrições orçamentárias, pode haver atraso no processo de aquisição das 28 aeronaves encomendadas pela FAB. “A Lei Orçamentária prevê R$ 400 milhões para a produção do KC-390 este ano, mas ainda não temos esses recursos confirmados”, disse o brigadeiro ao jornal.
De acordo com o presidente da Copac, a FAB regularizou todos os pagamentos relacionados ao desenvolvimento do KC-390 para este ano. Em 2014, a força aérea já havia destinado R$ 20 milhões a Embraer para o início desses trabalhos.
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A entrega do primeiro KC-390 deve acontecer no final de 2016. Além da FAB, a Embraer já possui 32 cartas de intenção de compra da Argentina, Portugal, República Tcheca e Colômbia.
Segundo a Embraer Defesa e Segurança, divisão de produtos militares da Embraer, o KC-390 vai disputar um mercado que demanda 728 aeronaves em 77 países nos próximos 20 anos. Além do Brasil, também participam do projeto a Argentina, Portugal e República Tcheca, por meio de suas empresas nacionais.
Gripen NG
O desenvolvimento do caça Gripen NG começou neste ano com o mobilização de 357 engenheiros e técnicos da indústria aeronáutica e de defesa brasileira para trabalhar na fábrica da Saab, na Suécia. O aparelho futuramente será produzido no Brasil pela Embraer.
Além do maior fabricante de aviões do Brasil, outras empresas nacionais da área também estão participando do projeto de desenvolvimento do Gripen NG, que ainda não voou. São elas a Inbra, AEL Sistemas, Akaer, Atech e Mectron. O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) é outro integrante do programa.
“Pelo acordo feito com o governo brasileiro, oito aeronaves serão produzidas na Suécia e 15 no Brasil. O aprendizado virá da participação direta dos nossos engenheiros no desenvolvimento de 13 aviões”, explicou o presidente da Copac ao Valor. O contrato assinado entre as duas partes prevê a aquisição de 36 caças avaliados em US$ 5,4 bilhões.
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O financiamento para compra dos aviões de combate, contudo, ainda está em avaliação no Ministério da Fazenda, que enviará a aprovação para o senado. A expectativa da FAB é que o acordo seja assinado ainda neste mês.
A parceria entre Saab e Embraer também prevê a exploração conjunto de vendas globais do Gripen NG, que por sua vez vai disputar nos próximos 20 anos um mercado de três mil aviões.