Muito antes de ser privatizada e virar uma gigante aeroespacial, a Embraer dava os primeiros passos para tornar-se uma das mais importantes competidoras do mercado de aviação regional. Foi no início da década de 80 que a empresa, então parte do Ministério da Aeronáutica, decidiu aproveitar o sucesso do Bandeirante como avião regional. Dessa experiência nasceu o Brasilia, o primeiro avião de passageiros projetado para atender o mercado.
O alvo primordial eram as companhias regionais americanas, associadas às grandes empresas aéreas como American Airlines, United e Delta. E foi com uma delas que o EMB 120 (designação do Brasília) estreou mundialmente em setembro de 1985. A ASA (Atlantic Southesat Airlines) foi a primeira operada do turboélice pressurizado de 30 passageiros.
Coincidentemente, exatos 30 anos depois da sua estreia, o Brasilia acaba de sair de cena entre essas empresas regionais de grande porte. No início de maio, o último exemplar do aparelho, pertecente à Skywest (co-ligada à United), decolou da cidade de Santa Maria, na California, para Los Angeles, encerrando sua longa carreira. Agora, o EMB 120 continua a voar no país apenas em empresas menores independentes.
Veja mais: Primeiro voo do Zeppelin para o Brasil completa 85 anos
Mais veloz turboélice
Na época em que chegou ao mercado, o Embraer não era o maior nem o mais tradicional. A holandesa Fokker oferecia o F-27, um turboélice de asas altas, e o F-28, um dos primeiros jatos do gênero, e outras companhias exploravam com pouco sucesso o segmento, como a DeHavilland of Canada.
Mas foi questão de tempo para que várias fabricantes enxergassem o filão que se transformava a aviação regional. A própria Fokker logo sacou o Fokker 50 com maior capacidade, conforto e potência. Os canadenses, por outro lado, lançaram o Dash-8, outro ‘asa alta’, e os suecos da Saab estrearam com o 340, que era pouco maior que o Brasília.
Veja mais: A primeira guerra de um avião Embraer
Mais bem sucedido deles, no entanto, foi o ATR-42 ( e sua versão maior, o ATR-72). Desenvolvido em conjunto por italianos e franceses, o turboélice continua em produção até hoje.
O Brasilia, por sua vez, não era tão grande quanto eles e também era quase um estreante já que os Bandeirante que voavam como aviões regionais não chegavam a formar uma frota imensa. Mas ele compensou isso com uma velocidade elevada, fruto do belo trabalho aerodinâmico da empresa. Era silencioso e trazia um diferencial para os pilotos, o manche ‘asa de gaivota’, como no Concorde.
Acidentes
A carreira do EMB-120, apesar de longa, teve alguns contratempos. O avião brasileiro sofreu 21 acidentes, 14 deles com vítimas fatais. O primeiro ocorreu próximo da Embraer, em São José dos Campos, em 1986, um ano após a primeira entrega. O mais recente é de 2013 com um aparelho que voava na Nigéria.
No total, a Embraer produziu 356 Brasilias. Segundo o site Air Fleets, 46% ainda está em operação. Para efeito de comparação, o ATR-42/72 tem até o momento mais de 1,2 mil aeronaves entregues sendo que 78% está operacional. No entanto, diferentemente do avião ítalo-francês, o Brasilia deu origem a uma família que literalmente revolucionou o mercado regional e consolidou a Embraer como a maior fabricante de aviões desse segmento no mundo.
Veja mais: Embraer entrega primeiro caça AF-1 modernizado à Marinha
Eu me recordo em 1989 quando desci em Los Angeles para fazer escala para reabastecimento e limpeza na aeronave num Boeing 747 -200 da Varig o destino final e Narita Tokyo, ainda tinha mais 10 horas de voo . Quando o Boeing 747 estáva taxiando até a cabeceira da pista para decolar , supresa tinha varios EMB 120 estácionado no patio da companhia aerea American Eagle e United .É fico orgulhoso ver a nossa Embraer totalmente Brasileiro voando longe.
O Brasilia, pra mim, é um dos aviões mais lindos já fabricados… ele tem uma harmonia nas suas linhas, algo só comparado ao Pilatus PC-12…
A Embraer poderia ter continuado a desenvolver o produto, abandonar esse projeto eu acredito que tenha sido um erro daquela época que hoje eles se arrependem…
Tudo bem que sobrevive nos ERJ-135/145, mas o Turbohélice tem um charme a mais!
YOJI KOGA, recentemente estive na California (San Francisco) a trabalho e me senti como você, ao ver alguns Brasilias parados e taxiando… Deu aquele aperto no coração, ver algo fruto do avanço tecnológico do nosso país trabalhando incansavelmente tão longe de casa. Incrivelmente senti saudade do Brasil… rs
Fico me perguntando, porque esses aviões EMB-120, não foram utilizados para desenvolver nossa aviação regional? Me lembro dessa época do lançamento dele, mas nunca cheguei a ver estes aviões em rotas em nosso país.
Caro Caio
Infelizmente o custo operacional do EMB110 no Brasil era e ainda é por demais proibitivo porém a RIO SUL operou estas aeronaves em suas linhas regionais. Ou o Brasil acaba com este custo Brasil ou o Custo Brasil acaba com o Brasil. (parodiando o ditado das saúvas)
Parodiando aquela da formiga ou o Brasil acaba com o “custo Brasil” ou o custo Brasil acaba com o pais. Excelente aeronave porém este maldito custo Brasil tornou-a proibitiva financeiramente em temos de custos operacionais mas, a Rio Sul (Varig) operou o EMB120 em linhas regionais regulares por muitos anos e até hoje ainda existem algumas empresas notadamente na Amazônia que as operam .
Claro que tinha EMB-120 aqui no Brasil: a Rio-Sul/Varig operou todas as rotas de interior aqui no RS e SC com este avião por anos!
O Bem 120, como projeto está a anos luz do ATR, que também sofreu problemas de infância quanto a congelamento nas asas e motores testes qual o Brasília passou com louvor. Outro fator de modernidade são as hélices do EMB 120 em forma de cimitarra formavam um show de tecnologia em parceria coma as PW 115 Lembro-me em uma conversa com o saudoso jornalista Fernando de Almeida falava sobre as velocidades quase supersônicas entre a nacele dos motores e a fuselagem o que já mostrava o cuidado com o fantástico projeto da Embraer. muito superior aos concorrentes talvez o que mais chegasse perto era o Dash 8.
E a versão cargo ou kombi? Vi muito tempo atrás que seria a substituta de algumas versões do Bandeirante, mas nada até hoje….
Fui num Brasilia para Fernando de Noronha e garanto que foi vôo mais estável da minha vida.
Eu cheguei a viajar no Brasilia EMB120 da Rio Sul num curto trecho de Vitoria ES ao Santos Dumond Rio de Janeiro. Na epoca nao dei valor algum, mas hoje vejo o previlegio.
Lembram do BOM DIA BRASILIA?
Quase fiz um voo com o Brasília no trecho Joinville-Sao Paulo. Infelizmente o avião do horário foi um Foker F50.
f
Esse avião e fantástico, fiz mais de 400 horas voando nele, só ficou saudade.