Seis meses após seu então chefão de finanças, Geir Kalsen, afirmar que a operação precisava se tornar lucrativa para continuar viva, a Norwegian Air Argentina voltou a ser alvo de rumores do fim de seus voos no país vizinho. Sem uma origem clara, os boatos teriam se baseado no fato de a companhia aérea low-cost só exibir voos até o dia 28 de março de 2020 em seu sistema. Logo em seguida, surgiu a tese de que a operação na Argentina seria assumida pela concorrente JetSmart.
Em resposta ao site Aviacionline, a assessoria de imprensa da Norwegian Air negou os boatos: “Esta não é a primeira vez que isso acontece”, disse um porta-voz da empresa. “Em outras ocasiões, também lançamos a comercialização em um horizonte de três ou quatro meses para nos adaptarmos às mudanças sazonais na demanda na Argentina e na Europa devido ao inconveniente causado pela falta de aeronaves de corredor único, interrompendo a entrega de MAX”, completou. Airway também tentou contato com a Norwegian, mas não teve respostas até o momento da publicação deste artigo.
O assessor da Norwegian argentina, no entanto, reconheceu que a meta de atingir o equilíbrio financeiro prevista para este ano fracassou. Foi essa condição que Kalsen havia mencionado em maio quando lançou o ultimato para a filial argentina.
De fato, a situação da subsidiária da companhia norueguesa está longe de ser considerada satisfatória. A ocupação de seus voos melhorou nos últimos meses, mas às custas da redução de voos. A empresa transportou 80 mil passageiros em outubro com ocupação de 74% e participação no mercado interno de apenas 6%. Como comparação, a Flybondi, maior low-cost argentina, transportou 117 mil passageiros com taxa de ocupação de 87%. Já a JetSmart, divisão local da matriz chilena e que estreou no país em abril, tem números piores, com 73% de taxa de ocupação e somente 4% de participação no mercado argentino.
Vários fatores afligem as iniciativas de empresas de baixo custo na Argentina, apesar do lado positivo de terem ampliado consideravelmente as viagens aéreas no país desde que o governo do presidente Mauricio Macri decidiu desregulamentar a aviação. Um deles é justamente o fato de seu sucessor, Alberto Fernandez, poder restabelecer a hegemonia da estatal Aerolíneas Argentinas dos tempos da sua vice atual, a ex-presidente Cristina Kichner.
Mas é a economia debilitada e a cotação elevada do dólar que tem feito as low-cost argentinas mais penarem. Todas elas postergaram planos de expansão devido a esse cenário. A própria Norwegian Air, que planejava receber mais jatos hoje mantém apenas três Boeing 737-800 NG em sua frota.
Para complicar ainda mais esse cenário, o aeroporto de El Palomar, uma antiga base aérea na periferia de Buenos Aires, teve as operações noturnas restringidas pelo governo, impedindo que mais voos fossem lançados onde justamente operam a Flybondi, JetSmart e Norwegian Air. Embora tenha uma infraestrutura simplória, El Palomar possui tarifas aeroportuárias mais baratas justamente para viabilizar a operação das low-cost.
Quanto ao voo entre Buenos Aires e Londres (Gatwick), realizado pela Norwegian Air UK, a situação é um pouco melhor, com taxa de ocupação de 77% em outubro, um ponto percentual abaixo do voo da rival British Airways.
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Era de se esperar que em um mercado gigantesco como o nosso, as low cost estrangeiras vissem uma oportunidade de negócios, até que demorou muito, a nossa gol já opera no mercado Argentino e Chileno há mais de 10 anos.