A parceria entre a Delta Air Lines e a LATAM, anunciada de forma repentina em setembro, prometia desencadear novos movimentos no mercado de aviação comercial nas Américas e eles já estão ocorrendo. Na semana passada, surgiram rumores de que a American Airlines estaria negociando uma parceria com a Gol Linhas Aéreas capaz de integrar a malha de voos das duas empresas na região.
A aproximação das duas companhias aéreas era esperada após serem deixadas de lado pela parceria entre a Delta e a LATAM. Até então, a American mantinha um longo relacionamento com LAN e TAM, que deram origem à LATAM, e são membros da aliança Oneworld. Após tentar costurar uma aliança mais ampla na região e que daria origem a uma joint venture, a iniciativa acabou barrada pela Suprema Corte chilena.
Como não era possível viabilizar a parceria sem incluir o Chile, as relações esfriaram e a LATAM foi em busca de um novo parceiro disposto a investir por um naco da empresa. A Delta acabou aceitando pagar US$ 1,9 bilhão por 20% do grupo latino-americano. Com isso, a LATAM abandona a parceria com a American e também a Oneworld.
Para a Gol, a relação com a Delta era até mais profunda. A empresa aérea dos EUA era uma das suas acionistas e possuía vários acordos de compartilhamento com a empresa brasileira, além de um hub bem sucedido em Fortaleza. A relação era tão próxima que durante o aterramento do 737 MAX, a Gol contou com aviões da Delta para cobrir alguns voos vindos dos Estados Unidos.
Abandonadas e mesmo negando algum impacto significativo em suas operações, Gol e American tem todos os motivos para trabalharem juntas. A companhia brasileira, inclusive, poderá aproveitar o hub da American em Miami para distribuir os passageiros de seus voos de Brasília e Fortaleza, quando o MAX voltar a voar.
Após o anúncio da Delta e LATAM, as duas companhias logo buscaram iniciar as discussões para se aproximarem, dizem fontes do jornal Valor Econômico, que revelou a negociação.
Dentro da nova aliança
Nesta segunda-feira, uma nova parceria começou a ser desenhada. A Azul Linhas Aéreas, terceira maior companhia aérea brasileira confirmou que está discutindo a possibilidade de participar da parceria entre a United Airlines, Avianca Holdings e a Copa Airlines, anunciada em novembro do ano passado.
Como se sabe, a United possui 8,2% da Azul além de participações importantes nas outras duas companhias aéreas latino-americanas. Ou seja, a entrada da Azul era questão de tempo a fim de ampliar as possibilidades de ofertas de voos e conexões entre o Brasil e os EUA.
O rearranjo das parcerias entre empresas dos EUA e brasileiras, no entanto, deve levar tempo, à espera de aprovações de órgãos de regulamentação de cada país, sem falar nas mudanças operacionais entre elas. Mas não deixa de ser uma perspectiva interessante para os passageiros no futuro.
Veja também: Sociedade entre Delta e LATAM provocará mudanças importantes no cenário da aviação comercial