Entre todos os destinos possíveis para o casco do ex-porta-aviões São Paulo (FS Foch na Marinha da França) o pior deles prevaleceu, o afundamento de toneladas de aço e materiais tóxicos em um local a 350 km da costa brasileira.
A Marinha do Brasil anunciou ter afundado a embarcação na tarde desta sexta-feira, 3, numa área com profundidade de cerca de 5.000 metros.
“O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro”, afirmou comunicado oficial divulgado no final do dia pela Marinha.
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Foi o epílogo de uma sucessão de atitudes questionáveis das autoridades brasileiras que culminaram com o descarte de materiais que poderiam ter sido reaproveitados enquanto outros, nocivos ao meio-ambiente, como as alegadas 9 toneladas de amianto, teriam sido tratados adequadamente.
De potencial museu a sucata no fundo do mar
Comprado da França no início dos anos 2000, o “São Paulo” substituiu o “Minas Gerais”, um porta-aviões britânico de pequeno porte que acabou sendo desmanchado na Índia sem quaisquer cuidados.
A carreira do navio-aeródromo no Brasil, no entanto, foi conturbada. Após três anos a serviço da Marinha, que o equipou com aviões de ataque A-4 Skyhawk comprados do Kuwait, o São Paulo sofreu um incêndio na sala de máquinas que vitimou três marinheiros.
O porta-aviões ficou cinco anos (2005 a 2010) sendo reformado e recebendo novos equipamentos. Só então ele voltou ao mar para testes, mas tempos depois sofreu outros incêndios a bordo.
O São Paulo ainda assim permaneceu em serviço até 2014, quando a Marinha anunciou uma nova reforma que faria o porta-aviões operar até 2039.
A programa de atualização, entretanto, não sai do papel e em fevereiro de 2017 a Marinha do Brasil anuncia a desmobilização da embarcação, alegando que o projeto exigiria “alto investimento financeiro, conteria incertezas técnicas e necessitaria de um longo período de conclusão.”
Começa então a novela sobre o destino do casco. Enquanto a Marinha ainda preparava o processo de desativação do navio, o “Instituto São Paulo/Foch” anunciou a intenção de transformá-lo em um museu, a exemplo de outros porta-aviões que se tornaram atrações turísticas.
Mas a Marinha considerou essa opção inviável. “Em função de severas restrições orçamentárias, do porto do navio e da complexidade de retirar alguns equipamentos e materiais existentes a bordo, é contra indicada sua cessão para outras finalidades, que sejam distintas do desmantelamento ou afundamento”, explicou em nota.
Em novembro de 2018, o porta-aviões deixa de ser o “Navio aérodromo São Paulo (NAe São Paulo)”, ou seja é descomissionado, após a retirada de equipamentos e materiais que podiam ser reaproveitados.
Em seus 16 anos com a Marinha do Brasil, o porta-aviões permaneceu apenas sete meses no mar, período em que realizou 566 catapultagens de aeronaves.
Leilões
Em 23 de setembro de 2019, o governo federal publicou no Diário Oficial a licitação para venda do casco do navio, com lance mínimo de R$ 5,3 milhões. Mas em agosto do ano seguinte, o leilão foi suspenso já em meio à pandemia do Covid-19. Apenas um interessado havia se cadastrado para a arrematá-lo, a Mediterranean Ships Breaking.
Na época, o governo francês já havia orientado que o desmonte do navio fosse feito na União Europeia, cujos estaleiros eram certificados para realizar o serviço sem riscos ecológicos.
Em outubro de 2020, o leilão é retomado, mas termina sem interessados. Remarcado para março de 2021, o pregão enfim encontra um comprador, o estaleiro turco SÖK Denizclik Ticaret Ltd, que venceu a licitação entre três pretendentes, com proposta de R$ 10,5 milhões.
Os trâmites para levar o casco do ex-porta-aviões São Paulo até a Turquia levaram 17 meses, quando foram emitidos laudos e autorizações para que a embarcação pudesse deixar o Brasil e aportar no estaleiro da empresa em Esmirna.
Apenas em agosto de 2022, a embarcação deixou a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, levada pelo rebocador holandês Alp Centre, como mostrou AIRWAY em primeira mão na época.
O resto da história ainda está fresco na memória. Um triste fim para um navio que realizou missões importantes quando estava sob o comando da Marinha da França e que também serviu como aprendizado fundamental para os marinheiros brasileiros, a despeito da sua carreira operacional conturbada.
Melhor sorte teve seu “irmão” Clemenceau que, apesar de ter passado por uma situação semelhante, acabou sendo desmontado dignamente no Reino Unido em 2008.
Prezado Ricardo Meier, como vai?
Você é jornalista? Especializado em direito marítimo ou internacional?
Ou você apenas leu outras reportagens e emitiu sua opinião? Creio que sim.
Procure trazer todos os detalhes e fatos envolvidos numa questão como essa com a finalidade de jogar luz ao assunto.
Sua opinião, emita lá no seu perfil do Facebook.
Humberto Filipe Preis
Aquele momento em que paramos pra pensar: pra que milicos, o erro já começou na compra e o resto só foi piorando, todo dia surge novas besteiras feitos pelos milicos, praticamente todo o orçamento militar é só pra pagar salário, aposentadoria e pensão pras coitadinhas das filhas que são inpacazes até de arranjarem marido.
Agora, o Imperador Alexandre, O Grande, os acionará judicialmente.
Gastaram uma fortuna para operar 7 meses o navio no mar. Mas SÃO MUITO INCOMPETENTES! Bons mesmo são em dar golpe, nisso eles são bons! SQN! Proteger as nossas fronteiras dos traficantes, nada! Proteger nossos índios, florestas e riquezas naturais dos saqueadores, nada! Francamente, infelizmente vcs estão passando vergonha.
Que várzea!
Prezado Humberto, vou muito bem, e você?
Certo, então para escrever sobre o assunto preciso ser jornalista e especializado em direito marítimo ou internacional. Desculpe pela minha ignorância, então.
Hum, ler outras reportagens…Creio que AIRWAY abordou o assunto com uma certa frequência desde 2017:
https://www.airway.com.br/marinha-do-brasil-diz-que-amianto-presente-no-casco-do-nae-sao-paulo-nao-oferece-riscos/
https://www.airway.com.br/marinha-desativa-porta-avioes-sao-paulo/
https://www.airway.com.br/porta-avioes-sao-paulo-pode-ser-transformado-em-museu-flutuante/
https://www.airway.com.br/marinha-desativa-oficialmente-o-porta-avioes-sao-paulo/
https://www.airway.com.br/porta-avioes-sao-paulo-esta-a-venda-por-r-53-milhoes/
https://www.airway.com.br/plano-para-criar-museu-no-porta-avioes-sao-paulo-esta-pronto-so-falta-o-navio/
https://www.airway.com.br/governo-brasileiro-confirma-decisao-de-afundar-o-ex-porta-avioes-sao-paulo/
https://www.airway.com.br/ex-porta-avioes-sao-paulo-pode-ser-afundado-pela-marinha-nesta-quarta-feira/
https://www.airway.com.br/relembre-os-avioes-que-operaram-no-porta-avioes-sao-paulo/
https://www.airway.com.br/organizacoes-ambientais-temem-que-marinha-do-brasil-afunde-o-ex-porta-avioes-sao-paulo/
https://www.airway.com.br/sob-risco-de-naufragio-casco-do-porta-avioes-sao-paulo-e-afastado-do-litoral-brasileiro/
https://www.airway.com.br/casco-do-porta-avioes-sao-paulo-e-impedido-de-atracar-em-suape/
https://www.airway.com.br/novo-destino-casco-do-porta-avioes-sao-paulo-ruma-para-pernambuco/
https://www.airway.com.br/apos-ser-barrado-na-turquia-porta-avioes-sao-paulo-esta-voltando-para-o-brasil/
https://www.airway.com.br/governo-de-gibraltar-proibe-passagem-do-porta-avioes-sao-paulo-por-suas-aguas-territoriais/
https://www.airway.com.br/apos-ser-barrado-na-turquia-porta-avioes-sao-paulo-esta-voltando-para-o-brasil/
https://www.airway.com.br/novo-destino-casco-do-porta-avioes-sao-paulo-ruma-para-pernambuco/
https://www.airway.com.br/casco-do-porta-avioes-sao-paulo-e-impedido-de-atracar-em-suape/
https://www.airway.com.br/casco-do-porta-avioes-sao-paulo-pode-ser-abandonado-no-mar/
https://www.airway.com.br/sob-risco-de-naufragio-casco-do-porta-avioes-sao-paulo-e-afastado-do-litoral-brasileiro/
https://www.airway.com.br/organizacoes-ambientais-temem-que-marinha-do-brasil-afunde-o-ex-porta-avioes-sao-paulo/
https://www.airway.com.br/ex-porta-avioes-sao-paulo-pode-ser-afundado-pela-marinha-nesta-quarta-feira/
https://www.airway.com.br/governo-brasileiro-confirma-decisao-de-afundar-o-ex-porta-avioes-sao-paulo/
Sinto se nossa abordagem o irritou de alguma forma ou tocou em algum aspecto que lhe incomoda. Enfim, estamos abertos para você compartilhar a “verdade” sobre o assunto.
Abraços,
Ricardo Meier
Jessica, guarde sua militância para si mesma. Já “torrou a paciência” verem os militantes culparem outros governos e “passarem a mão” em seus ídolos, aqueles que, para vocês, são de comportamento “ilibado”, honestíssimos, que se “preocupam com o povo” ( ha ha ha ha ). Voces, militantes, são um piada e, muito pior, são diretamente responsáveis pelo Brasil nunca sair do buraco onde se encontra. “Brasil, país do futuro, mas de um futuro que não existe”. E pare de acreditar nas falácias dos meios de comunicação, elas deixaram de serem informativas a partir do momento que encamparam uma ideologia política.
Ao Zekinh, o erro começo lá atrás mesmo mas um informe a você: as filhas não são incapazes de acharem maridos pois, se casarem, perderão o direito às pensões. Saiba que elas são bem inteligentes, isso sim. E tudo por culpa de nossas leis, calcadas em uma constituição arcaica e benéfica tão somente a eles, em todas as classes do funcionalismo publico. Somos meros sustentadores dessa corja.
Ao Ricardo Meier, ótimo trabalho sobre todo esses episódios envolvendo o porta-aviões.